“Desde sua ascensão à fama até seu superestrelato sem precedentes, o ícone do rock ‘n’ roll Elvis Presley mantém um relacionamento complicado por 20 anos com seu enigmático agente, o Coronel Tom Parker.”
Essa descrição resume e muito o que foi o fenômeno Elvis Presley e neste filme Baz Luhrmann (Moulin Rouge, The Get Down) tenta trazer essa sensação para audiências contemporâneas com muito estilo, figurinos excelentes, maquiagens impecáveis, efeitos visuais atraentes e performances memoráveis.
Sobre as performances, é preciso destacar Austin Butler porque ele literalmente dá um show. Não um, vários! É impressionante não só pelos maneirismos e energia caótica no palco, mas por conseguir emular a voz do astro em diálogos de forma natural, o que poderia facilmente cair na categoria “cosplayer” de Elvis de maneira caricata. Ainda no quesito voz, ele também canta todas as músicas, mas o resultado final que se ouve é na verdade um mix da voz de Butler com a de Elvis para mesclar melhor e não haver uma desconexão. O resultado é assombroso e realmente te faz questionar se não está vendo o próprio cantor em cena, salvo alguns momentos em que a face de Austin não condiz com a intensidade da voz sendo ouvida na apresentação.
Apesar de todo um trabalho meticuloso para nos deixar imersos nas diferentes épocas da vida do artista, desde sua juventude em comunidades negras até o fim de sua carreira em Las Vegas, algo que em diversos momentos nos tira daquele mundo são remixes de músicas de Presley com músicas modernas. Para quem conhece o trabalho do diretor, isso não é surpresa e essas versões modernizadas são usadas mais como música de fundo para momentos de transição e não realmente substituindo performances no palco. Para alguns pode ser inofensivo, mas é estranho que no filme biográfico desse grande astro o público seja servido um remix de Viva Las Vegas com sample de Toxic da Britney Spears entre outros. Afinal, se sua discografia é incônica, precisa ser alterada? É o que o público espera? Talvez tenha passado do limite a ponto de suspender a imersão.
Outro destaque é a performance de Tom Hanks como o escorregadio agente que gosta de ser chamado de Coronel Tom Parker. Tanto sua voz quanto seus movimentos são precisos e durante os 20 anos que se passam no decorrer do filme é possível perceber o envelhecimento do personagem pela forma de se movimentar do ator. Existe um esmero aqui em fazer tudo que se vê na tela parecer real e nisso entra a maquiagem e próteses aplicadas aos atores. Hanks some no personagem, principalmente quando aparece mais velho. O trabalho de prótese em outros personagens vivídos por atores menos conhecidos passarão despercebidos pelo público tamanha perfeição.
O personagem é filmado de forma enigmática e misteriosa no início, deixando o público querendo ver mais e quando ele é mostrado de fato se vê alguém muito mais simples e ingênuo do que a imagem que se tem de uma figura tão magnética no imaginário popular. A história de Presley pode ser encarada por diversos ângulos, do inspirador ao controverso. Mas é certo que sua marca na cultura mundial e na música são indeléveis, inspirando desde desenhos animados das antigas como Johnny Bravo até hoje a sonoridade e os visuais de grandes artistas. E o filme deixa claro que, entre muitas discussões sobre o que fazer com ele pós o efeito que ele causou na juventude dos anos 50, essas duas coisas foram da vontade de Elvis sem intervenções. Suas inspirações em black music da época são óbvias e ele jamais tentou escondê-las, pelo contrário, fazia questão de mostrar em sua música, seu figurino e sua performance no palco, a contragosto de todas as famílias brancas conservadoras que achavam que seus filhos estavam sendo pervertidos ao assisti-lo.
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