Thor: Amor e Trovão (Love & Thunder) é o novo filme da Marvel Studios distribuído pela Walt Disney Studios Motion Pictures, sequência direta de Thor: Ragnarok (2017) e o 29º filme do Universo Cinematográfico Marvel (MCU). O filme é dirigido por Taika Waititi, que co-escreveu o roteiro com Jennifer Kaytin Robinson. A trama, que se passa aparentemente uns dois anos após os eventos de Vingadores: Ultimato (2019), mescla um pouco dos arcos dos quadrinhos Thor: O Carniceiro dos Deuses (2013) e Thor: A Deusa do Trovão (2015), ambos de Jason Aaron.

O filme começa de uma forma muito arrepiante, que você até esquece por um momento que estava vendo um filme de super-herói, isso até começar a galhofada típica de Taika Waititi e te tirar um pouco daquele drama que você estava vendo. Ali eu já percebi que Ok, esse é um filme que não tem medo de ser ridículo, mas vamos ver até onde vai. Ainda assim, todas as partes com Christian Bale como Gorr, o Carniceiro dos Deuses, são muito densas. Eu acho que o próprio astro nem sabe que o filme é para ser essa galhofa, pois ele se leva muito mais a sério do que todo o resto do elenco que está bem mais no clima do filme que mescla fantasia espacial com comédia romântica. Enquanto Bale como Gorr é assustador demais para as crianças e parece acreditar muito mais no impacto de suas ações do que realmente é mostrado para gente, pois tal é perdido quando é tratado como piada nas interações com Thor Odinson (Chris Hemsworth) e Korg (Taika Waititi). Diferentemente de Thor: Ragnarok onde as batalhas eram super bem feitas, tais como as emoções dramáticas ou felizes em seu tempo certo, aqui parece que falta muito preparo para certas coreografias e a trama é bem rushada, não dando tempo de sentir a emoção certa que, na verdade, nem parece que o próprio filme sabe quando deve ter.

Tal como a trama densa de Gorr, já temos também a de Drª Jane Foster (Natalie Portman) onde vemos a atriz pela primeira vez entregar como a personagem, mas, mesmo assim, ainda pegando super leve em seu background e algumas de suas emoções também não tem muito impacto. É bem triste, pois, parece que a personagem sempre foi e continua sendo mal trabalhada na franquia, mesmo com este filme que era pra dar bem mais protagonismo para ela como a Poderosa Thor, protetora de Nova Asgard. Aliás, falando em Jane, quem volta também é a Drª Darcy Lewis (Kat Dennings) que não cita em nenhum momento o que aconteceu em Westview.
Se você esperava algo mais bem contado que Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022), bem, é um pouco, sim, mas estranhamente você ainda sente que a Marvel Studios está mandando correr com suas produções na Fase 4 e eu não sei, para dar tempo de quê? Pois não fica claro em nenhum momento que essas histórias estão indo para algum lugar e na verdade parecem aqueles filmes perdidos da Fase 1 com a única diferença em que estão recheados de personagens novos e tentando se levar muito menos a sério. A trama é tão corrida que a gente não vê as ações de Gorr como o Carniceiro dos Deuses e de Jane como a Poderosa Thor, pois o filme apressa-se para chegar na batalha final. Parece que falta alguém chegar em Waititi e dizer Legal, o filme está muito doido do jeito que a gente gosta, mas tanto assim não dá! Segura um pouco aí! Explica algumas coisas! Desenvolve a narrativa de alguns personagens! Uma história precisa ser contada e simplesmente não está sendo!

Contudo, tal como Waititi prometeu, é um filme de comédia romântica: o relacionamento de Thor e Jane é um dos pontos fortes do longa. Você finalmente sente alguma coisa pela relação deles, coisa que não vimos em nenhum dos dois primeiros filmes em que eles interagiram. Até mesmo a sexualidade da Rei Valquíria (Tessa Thompsont) é abordada aqui e estranhamente também a de Korg, que descobrimos como que a raça dele se reproduz, mas fique tranquilo, pois o amor abordado aqui não é somente o sexual ou conjugal, mas também o paternal e acho essas as partes, sim, mais emocionantes do filme.

Mas ainda visualmente muito brega e, beleza, essas coisas são comuns nas produções de Waititi e fazem parte de sua marca que gostamos tanto além de que já tinham em Thor: Ragnarok, mas eram mais bem produzidas e tinham um sentido na trama. Aqui muitas vezes o visual tosco é simplesmente jogado e falo não só so efeitos visuais como também do design de produção para com maquiagens, cenários e trajes. Thor simplesmente bate o martelo várias vezes para trocar de uniforme sem motivação alguma e não esconde que é somente para vender bonecos (o que é uma pena, pois um dos visuais dele, que é o mais bonito, é o que menos dura em cena). Porém, temos que parabenizar o designer de produção por conseguir dar um ar muito mais mitológico, mesmo que besta, quando necessário. Algumas soluções são visualmente muito incríveis e um fanservice enorme para quem gosta de mitologia (de todas elas!). Mas falando da fotografia, a parte mais bem feita do filme é na luta no Vale da Escuridão, uma lua onde a cor tem medo de entrar. É uma sequência quase que inteiramente em preto e branco exceto pelos momentos iluminados pelas armas mágicas do trio de heróis. Fiquei só imaginando a edição disso: como que foi muito caprichada e no trabalho que deu. Agora, quanto a música, diferentemente também do filme anterior onde Immigrant Song foi bem utilizada e tinha muito a ver com os momentos, aqui eles meio que saturam algumas músicas do Guns N’ Roses de forma um pouco anti-climática.

Mas o filme está longe de ser horrível, na verdade, tem muitas coisas boas e outras até mesmo bem emocionantes. Acredito que deve ser muito bom de ver no cinema numa sessão cheia de fãs que se excitarão bastante do tipo de querer berrar e bater palmas tal como nas sessões de Homem-Aranha Sem Volta Para Casa (2021). Porém, acho que aqui Taika Waititi começou a pecar um pouco em seus excessos (e olha que está longe de mim reclamar do estilo dele), mas ainda assim, acredito, que este seja um dos pontos altos dessa Fase 4 da Marvel tal como esperávamos que fosse.

Aliás, lembra da piada com o nome do filme sendo dito em voz alta por um personagem? Ela está aqui e não é de meme!