No dia 13 de maio, o Coletivo Okan lança a peça afrofuturista “Todas as centenas de dias em que estamos aqui”. A data foi escolhida por conta do marco da “Falsa Abolição”, como é retratada atualmente pelo movimento negro, que não mais celebra a abolição da escravatura pela Princesa Isabel e utiliza o dia para reforçar a denúncia contra o racismo. O experimento audiovisual do coletivo retrata questões da negritude e a busca pela liberdade do povo negro. Narrativas que se encontram através do tempo, seja no recôncavo Baiano, na periferia da cidade de São Paulo, em 1500 ou em 2022. Com texto de Jhonny Salaberg e direção de Mawusi Tulani e Monilson Moni, a estreia da peça vai acontecer de forma gratuita e online no dia 13 de maio, às 20h, na plataforma Mungunzá. Porém, a agenda de apresentações vai até o dia 31 de maio em São Paulo, com transmissão online e gratuita nas redes sociais.
“A peça teve como disparador a tese de doutorado do Monilson Moni sobre o Nego Fugido, aparição cênica que narra a revolta e resistência da população escravizada a partir de uma reconstrução do passado. Nos foi proposto pela direção, alguns disparadores que resultaram em exercícios cênicos assistidos pelo nosso dramaturgo Jhonny Salaberg. E a partir deste momento o texto foi construído. A escolha por um roteiro de gênero afrofuturista vem do conceito básico de Negros no Futuro, são os nossos corpos e corpas construindo e contando as nossas próprias histórias. Afinal, a história de um povo é sua maior riqueza”, conta o Coletivo.
Com os impedimentos causados pela pandemia de Covid-19, como a livre circulação de pessoas e as idas a espetáculos presenciais, o coletivo optou por fazer uma peça filmada. Porém, o que surgiu como um desafio imposto pela doença que abalou o mundo, o novo formato também acabou por possibilitar uma rica imersão em Acupe – Bahia, um dos locais em que se passa a narrativa, sendo possível gravar algumas cenas do espetáculo e dar continuidade à investigação de uma história de resistência, que atravessa momentos históricos e aborda a distopia vivida pelos povos traficados que desembarcaram nos portos da Bahia de Todos os Santos.
“Nós queremos que esse material alcance o maior número de pessoas possíveis, sendo elas crianças, jovens, adultos e os moradores das principais zonas periféricas de São Paulo. O nosso desejo é que essa circulação possa fomentar a reflexão no público, pois foi pensando em compartilhar e contar as histórias do povo preto periférico que esse trabalho nasceu. Além disso, que ele também possa impulsionar o Coletivo Okan, enquanto agentes portadores e idealizadores deste material”, comenta o Coletivo.
Nascido em 2017, o Coletivo Okan de Teatro foi idealizado por jovens negros da periferia de São Paulo que frequentavam a Escola Livre de Teatro de Santo André, e que decidiram falar sobre ancestralidade e a cultura provinda do povo preto. “Todas as centenas de dias em que estamos aqui – De Leste a Oeste – Circulação” é um projeto do espetáculo “Todas as centenas de dias em que estamos aqui”, contemplado pelo edital da Prefeitura de São Paulo, VAI II 2020.
SERVIÇO
“Todas as centenas de dias em que estamos aqui – De Leste a Oeste – Circulação” – Projeto de circulação do espetáculo “Todas as centenas de dias em que estamos aqui”
Data: 13 a 31 de maio
Valor do ingresso: Gratuito
Para mais informações acesse: https://instagram.com/coletivokan
Confira a agenda de transmissões do espetáculo:
13 de maio (estreia)
Horário: 20h
Local de apresentação: Teatro de Conteiner Munguzá
Transmissão: Plataforma Mungunzá
20 e 21 de maio
Horário: Confira no instagram do Coletivo Okan
Local de apresentação: Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
Transmissão: Página do Facebook: CCJ – Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
23 a 31 de maio
Horário: Confira no instagram do Coletivo Okan
Transmissão: YouTube do Coletivo Okan
27 e 28 de maio
Horário: 20h
Local de apresentação: Centro Cultural Tendal da Lapa
Transmissão: Página do Facebook: Centro Cultural Tendal da Lapa
Sobre o Coletivo Okan
O Coletivo Okan de Teatro nasce à medida em que seus integrantes, jovens negros da periferia de São Paulo, formados, formadas e em formação na Escola Livre de Teatro de Santo André, decidem falar sobre a cultura provinda do povo negro. Através de pesquisas sobre a cultura afro, o Coletivo inicia seus trabalhos em 2017 e dá vida ao seu primeiro projeto, a peça “Èlèyè – Mulher pássaro”, trazendo à tona nossas histórias, origens e poesias. O projeto foi subsidiado pelo programa VAI 2017, no qual o Coletivo criou, desenvolveu, estruturou e apresentou a peça no Centro de Formação Cultural da Cidade Tiradentes e no Instituto Pombas Urbanas. Em 2018, iniciam o processo de pesquisa “Capital Vigília” onde investigam o negro no capitalismo e como esses corpos se inserem na sociedade. Desse estudo foi realizada a abertura de processo no Instituto Criar de TV, Cinema e Novas Mídias. O mais recente trabalho desenvolvido pelo coletivo é a peça ‘TODAS AS CENTENAS DE DIAS EM QUE ESTAMOS AQUI’, projeto subsidiado pelo programa VAI II em 2019 e 2020, no qual discutem os processos de liberdade do negro desde os tempos da escravização até os dias atuais, e tem como ponto de partida a aparição do Nego Fugido.