Em 2013 chegava o videogame de luta com os personagens da DC chamado Injustice: Gods Among Us produzido pela mesma equipe de Mortal Kombat após DC vs Mortal Kombat, a fim de criar a história perfeita para justificar heróis se enfrentarem, Tom Taylor lançou uma série em quadrinhos que explicava o que rolava nos cinco anos desde que o Coringa foi responsável pela morte de Lois Lane até a Liga da Justiça deter o Regime de Superman na Terra-Um.
Por anos a história de Injustice serviu de inspiração para outros quadrinhos, séries e filmes como Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) de Zack Snyder, e muita controvérsia existe sobre a trama de Tom Taylor ter influenciado a presença de um Superman mau e uma Arlequina boa em todas as mídias. Mas também a boa-escrita da graphic novel gerou por muito tempo a discussão sobre uma adaptação direta em série ou filme até que em 2021 finalmente ganhou um filme de animação pela Warner Bros. Animation para o servidor de streaming HBO Max.
Na animação, a trama começa bem parecida: Clark Kent (Justin Harley que já trabalhou como o Arqueiro Verde na série Smallville aqui dá a voz ao Superman) acorda descobrindo que sua esposa Lois Lane (Laura Bailey que também dá a voz a Rama Rushna, que traz o Asa Noturna de volta como o Desafiador) está grávida e conta ao Batman (Anson Mount) que estava em Metropolis perseguindo o Coringa (Kevin Pollak). O Coringa, que roubou kriptonita e a toxina do Espantalho, mata Jimmy Olsen (Zach Callison que também dá a voz ao Robin) e sequestra Lois Lane. Superman ao encontrá -la, afetado pela toxina do Espantalho mesclada com kriptonita, pensa ver o Apocalipse e acaba por matar Lois Lane grávida enquanto seu batimento cardíaco estava ligado a uma bomba que destrói Metropolis. Enfurecido, Superman mata o Coringa e decide a partir daí começar um regimento de tolerância zero, o que acaba dividindo os heróis.
O longa-metragem falha em apressar a trama que levou quase 5 anos nos quadrinhos, tentando resumi-la em um só filme de uma hora e meia. Personagens importantes foram descartados como a Canário Negro, que tem um elo importante para a evolução da Arlequina (Gillian Jacobs), enquanto outros foram mortos muito cedo e desnecessariamente como o Flash (Yuri Lowenthal que também dá a voz ao Mestre dos Espelhos e o Shazam). Porém, a principal trama do Ano Um está lá quase que completa, tirando o diálogo entre a Mulher Maravilha (Janet Varney) e o Ares, o ataque de Mongul e os parademônios, a guerra da Liga da Justiça contra Atlândida, a participação de Martha Kent que foi retirada por alguma razão, a explosão do Capitão Átomo (Fred Tatasciore), todos os momentos com o Flash, a criação das super-pílulas, Superman ferindo o Batman e o épico finale de Alfred vs Superman.
A trama pula da metade do Ano Um direto para a do jogo e mesclando com a de Injustice 2. Robin inocentemente faz Superman se aliar a seu avô Ra’s Al Ghul (Faran Tahir) que convence Superman a experimentar o super-robô Amazo atacando Smallville enquanto a Insurgência realiza um plano inexplicável de trazer o Superman e a Lois de Terras diferentes a fim de deter o Superman da Terra-Um antes mesmo deste cumprir o plano do Regime. É até compreensível a adaptação apressada a fim de resumir completamente a história, mas que acabou por se tornar sem nexo e sem graça também, onde, aparentemente, todos os eventos não trouxeram consequências.
Além disso, a animação também não trouxe uma boa apreciação para compensar o meu roteiro. Os traços são feios mesmo que você acabe se acostumando, mas pelo menos corrigiram algumas das controvérsias como por exemplo do uniforme da Arlequina. A interpretação dos personagens também não é convincente, mesmo com atores bons em suas vozes. O ritmo começa bom, mas se torna apressado e confuso, em determinado momento você simplesmente para de prestar atenção no que antes estava muito interessante. A trilha sonora também é esquecível e nada da trilha marcante dos jogos foi reaproveitada. Ainda espero que Injustice, apesar de toda a controvérsia compreensível do fandom da DC, possa ganhar algum dia alguma adaptação justa como talvez um seriado live-action na HBO Max.