E se…? (What If…?) é uma série de antologia animada criada por AC Bradley para o serviço de streaming Disney+ , baseada na série de quadrinhos da Marvel de mesmo nome. É a quarta série de televisão do Universo (ou Multiverso) Cinemático Marvel produzida pela Marvel Studios para o streaming e a primeira série animada do estúdio. A série explora linhas do tempo alternativas no multiverso que mostram o que aconteceria se os principais momentos dos filmes MCU ocorressem de forma diferente. A primeira temporada consiste em nove episódios e é parte da Fase Quatro do MCU. Segue-se após a criação do multiverso no final da primeira temporada de Loki.
Jeffrey Wright faz sua estreia como Uatu, membro da raça alienígena Vigia que observa o multiverso e é o que narra a série, ao lado de muitos atores de filmes da MCU reprisando seus papéis e outros que são substituídos. O personagem está acima de tudo com sua sina de observar sem poder interferir, mas refletindo uma presença excepcionalmente poderosa, onipresente e inteligente. Apesar de ser uma série animada antológica, a Marvel perdeu a oportunidade de dar cada episódio para um estúdio de animação diferente tal como outras séries similares Animatrix, Love Death & Robots e a nova série do catálogo do Disney+ Star Wars: Visions. Episódios com estilos diferentes de animação fariam prender um interesse maior para assistir tudo enquanto compara-se qual episódio é o favorito tanto por questões de trama ou visual, sendo que aqui, a trama teve de ser o suficiente já que aparentemente alguns episódios tiveram um investimento menor do que outros, logo que o estúdio teve que cuidar de todos os nove da temporada, o que acaba sendo desapontador em alguns.
Os primeiros episódios mostram conceitos novos no MCU, mas que os leitores dos quadrinhos já estariam acostumados. Porém, em situações completamente familiares a quem acompanha os filmes a fim de não gerar estranheza. Personagens e conceitos típicos dos quadrinhos da Marvel foram bem introduzidos nas tramas já consolidadas dos filmes em que conhecemos. Começamos com aquele em que repete quase que totalmente a trama de Capitão América: O Primeiro Vingador, mas que no lugar de Steve Rogers (Josh Keaton substituindo Chris Evans em voz) como o super-soldado, quem se torna é a Agente Peggy Carter (Hayley Atwell reprisando seu papel), numa homenagem à Capitã Britânia já conhecida dos quadrinhos. Também é nesse que vemos pela primeira vez um pouco do tão esperado Shuma-Gorath, principal ameaça do multiverso em que aguardamos ver completamente em Doutor Estranho no Multiverso da Loucura.
Já no segundo, nos emocionamos ao nos trazerem de volta a já gravada voz do falecido Chadwick Boseman como T’Challa, aqui no papel do Senhor das Estrelas, mostrando como T’Challa (ou qualquer um) seria um Senhor das Estrelas melhor que Peter Quill (Bryan T. Delaney substituindo a voz de Chris Pratt), sendo este capaz até mesmo de convencer o Thanos (Josh Brolin reprisando seu papel) a deixar de ser o Titã Louco – ou Capitão Genocida como os colegas Saqueadores o chamam. No terceiro, mais um fanservice, principalmente para os fãs que acompanharam a HQ Vingadores: Prelúdio – A Grande Semana de Nick Fury – em que mostra que todos os eventos de Homem de Ferro 2, O Incrível Hulk e Thor se passaram todos na mesma semana terminando esta com a descoberta do Capitão América congelado, enquanto o Dr. Hank Pym (Michael Douglas reprisando seu papel), trajado como Jaqueta Amarela, seguia assassinando os membros Vingadores em potencial que estavam sendo reunidos por Fury (Samuel L. Jackson reprisando seu papel) e, no final, vemos finalmente o Loki (Tom Hiddleston reprisando seu papel) que esperávamos ter visto na sua série solo.
No quarto episódio, tivemos um episódio super emocionante mostrando o que aconteceria se o Doutor Stephen Strange (Benedict Cumberbatch reprisando seu papel) perdesse sua amada Dra. Christine Palmer (Rachel McAdams repisando seu papel) e tentasse de tudo para trazê-la de volta apelando inclusive para as artes proibidas e mais uma vez invocando o Shuma-Gorath e o absorvendo. Este episódio é o primeiro em que vemos um personagem interagindo com o Vigia e termina totalmente sem esperança. O quinto já é o maior fanservice, sendo o primeiro a ser inspirado numa HQ elseworld de sucesso da Marvel: Zumbis. Numa premissa similar a da HQ: um apocalipse zumbi, aqui sendo adaptada para o MCU onde a bactéria que contamina os heróis veio do Mundo Quântico num dos experimentos em que o Dr. Hank Pym realizava a fim de trazer sua amada Janet Van Dyne de volta, mais uma vez ponto o Homem-Formiga original como o causador dos problemas, tal como costuma ser nos quadrinhos.
No sexto, vemos Erik Killmonger (Michael B. Jordan reprisando seu papel) seguindo um plano diferente do que vimos em Pantera Negra, onde este resgata Tony Stark (Mick Wingert substituindo a voz de Robert Downey Jr.) no começo dos eventos do primeiro Homem de Ferro e acaba por ser seu assassino, tal como o assassino de T’Challa e torna-se o Rei de Wakanda, num plano muito mais maligno e elaborado do que vimos no cinema. Aliás, é neste que vemos mais uma referência ao fato do ator Michael B. Jordan ser assumidamente fã de animes, quando este apresenta para Tony Stark um protótipo de armadura inspirado em Mobile Suit Gundam. Já no sétimo episódio é o que vemos como seria se Thor (Chris Hemsworth reprisando seu papel) e outros asgardianos visitassem a Terra hoje em dia como era realmente descrito na Mitologia Nórdica, tornando tudo uma bagunça – Aliás, é neste episódio em que vemos o Loki em sua forma adulta como Gigante de Gelo que vimos brevemente no seriado Loki. Este parece terminar em história feliz, mas acaba tendo o cliffhanger sendo o introdutório para o verdadeiro evento da série.
Os dois últimos são sequenciais e é o que vemos o que Ultron (Ross Marquand substituindo a voz de James Spader) realmente deveria ter feito como vilão de Vingadores: A Era de Ultron, cumprindo seu objetivo exterminando a humanidade e toda a praga do universo. Porém, graças a ouvir o Vigia, – sendo o segundo a fazer tal feito – descobrindo que existem infinitos universos e assim aumentando seu objetivo de vida cibernética. Este penúltimo episódio é o que vemos a melhor dedicação visual de todo o estúdio para a animação. Todas as cenas são uma pintura linda e também temos um duelo épico entre Ultron e o Vigia, que termina com este tendo que quebrar seu juramento ao recorrer a ajuda do Supremo Doutor Estranho para reunir os personagens que vimos nos episódios anteriores como os Guardiões do Multiverso. Mas a apresentação da variante da Gamora (Cynthia McWilliams substituindo a voz de Zoe Saldana) com a armadura de Thanos gera uma estranheza já que o episódio que foi planejado para fazer parte da primeira temporada foi adiado para segunda devido a problemas de produção relacionados ao COVID-19.
O fato da série ser de animação permitiu que pudéssemos ver um toque extra de elementos de quadrinhos que provavelmente não veríamos nos filmes, com ideias enerentemente atraentes ou usadas para ajustar habilmente o que sabemos dos filmes, já que nem todo filme faz jus ao potencial aparentemente ilimitado do título, sendo ironicamente o título mais cinematográfico do Universo Cinemático Marvel já que é a primeira vez em anos em que um título da franquia não se sente sobrecarregado pela necessidade de se encaixar meticulamente no cânone da franquia, o que nos dá um respiro para vermos histórias divertidas sem necessáriamente nos preocuparmos com o futuro – tal como são so quadrinhos da Marvel What If em que nos oferece exatamente o que queremos – ou as vezes não – enquanto nos apegamos a algumas surpresas. Porém, tal como toda série antológica, a narrativa é irregular e não necessitava de ser vista em ordem. O fato de ter sido lançado semanalmente aqui prejudicou, diferente de outras séries sequenciais em que o seguro de spoilers era realmente necessário.
Por outro lado, a apresentação de novas versões dos personagens no multiverso nos faz pensar que poderíamos ver o retorno de alguns atores em live-action caso fossem devidamente apresentados como a Capitã Carter cuja a atriz já expressou seu interesse – e a coitada faz tempo quer voltar a aparecer, mas sendo sub-aproveitada na série já descanonizada Agente Carter ou na participação rápida em filmes como Capitão América: O Soldado Invernal, Vingadores: A Era de Ultron, Homem-Formiga e Vingadores: Ultimato que eu aposto que vocês nem se lembravam.
Contudo, a série não explorou totalmente seu principal potencial. Ficamos na expectativa de uma segunda temporada que nos forneça as histórias que faltaram e também uma dedicação maior a animação, com mais tempo de produção. Diga-nos aqui o que achou e fique ligado na Terra Nérdica, pois em breve sairá nosso podcast focado em What If.