O diretor James Wan está de volta ao terror para a alegria de seus entusiastas. Trazendo uma abordagem completamente diferente dos trabalhos anteriores, Maligno aposta em mais gêneros e se declara como “uma nova versão do terror”.
Sinopse: Madison fica paralisada ao ter visões chocantes de assassinatos terríveis. Seu tormento piora quando ela descobre que esses sonhos acordados são, na verdade, realidades aterrorizantes.
Protagonizado por Annabelle Wallins (Annabelle, 2014), com participações de Maddie Hasson (Impulse, 2019) e George Young (Home, 2018), o filme sofre dos mesmo clichês de sempre: decisões ilógicas e curiosidade em averiguar lugares escuros. Isso é ruim? Sim. Atrapalha o seu entretenimento? De forma alguma. Hora ou outra terá raivinha, mas ela passará, prometo.
O fato do filme ser vendido como um “novo terror” não é brincadeira. Os sustos bem elaborados, característica marcante de James Wan, não estão presentes na película, porém todo aquele suspense antecedente a ele veio com força. Incrível como Wan consegue um clima incômodo, apreensível e angustiante em cenas chaves.
Já que a proposta do filme, claramente, era explorar outros gêneros juntos ao terror, a falta de susto não chegou a ser um ponto negativo. Apenas acabou sendo suspense demais, terror de menos. Junto ao suspense foram adicionadas cenas espetaculares de ação. James Wan com certeza tem um ótimo instinto para tal. Coreografia, ambientação, captura de movimentos; tudo muito bem feito.
A mixagem de som é outro ponto positivo. Passos, objetos, golpes, estalar de corpos, tudo trabalhado a modo de se ter a maior imersão possível. Infelizmente a música tema é bastante singular e ela toca em momentos inoportunos. Há ocasiões chocantes, necessitando de um tema mais sombrio ou de impacto. Como resultado, a cena e a música não se conversam e, por consequência, você “sai” do filme.
Os diálogos nem sempre são dos melhores, mas em suma é bom. A interação do elenco passa uma vibe muito agradável. É realmente legal quando o grupo principal está junto. Os atores estão bem, apesar da protagonista às vezes não entregar uma boa atuação. Isso nem é culpa da atriz, na verdade. Claramente o roteiro dificulta as coisas em determinados diálogos.
Indo para parte mais legal do filme, o antagonista é uma criatura super ágil e muito semelhante ao Curupira do folclore brasileiro. Ela tem seus membro retorcidos, uma voz marcante e caracterização simples. Imagine uma cena de ação boa, adicione uma criatura toda estranha com dificuldades de mobilidade, mas ao mesmo tempo rápida e com sons de ossos estalando ao se mover freneticamente. Sim, excelência! Parabéns, James Wan.
Falando especificamente da história, ela possui um plot bem batido. Aos amantes do gênero, rapidamente ligarão os pontos e matarão a charada da trama, certo? Errado! Apesar de clichê, a formulação dela não é. Grata surpresa ao ver que nem tudo é previsível. Você pode até acerta alguns pontos, mas duvido muito saber exatamente seus acontecimentos. Por esse motivo saí tão satisfeito do cinema, apesar de não receber o terror típico do gênero.
O filme tem ação de causar inveja nos amiguinhos, muito suspense e a base de terror. Realmente é um terror diferente. Temos os atuais Suspiria (2018), Midsommar (2019), O Que Ficou Para Trás (2020) e agora, Maligno, como terror diferentões. Não, não o estou colocando-o no mesmo patamar dos citados, mas sei que muitas pessoas sairão insatisfeitas do filme.

Entenda: ele assume outro gênero em seu decorrer e o terror – aquele terror bruto – não é seu foco. Esse é aquele típico terror legal de se ver com os amigos e especular como finalizará. Com cenas bem feitas, tendo inspiração de Terror Em Silent Hill (2006), um antagonista muito legal de se ver, humor pontual, ambientação boa e movimentação de câmera bem executada. Maligno é um terror diferente, mas bem prazeroso de ser assistido.