Criado, roteirizado e produzido por Brad Ingelsby, a série acompanha Mare (Kate Winslet), uma detetive de uma pequena cidade da Pensilvânia incumbida de resolver um assassinato enquanto tenta resolver seus problemas pessoais.
O roteiro segue uma premissa muito estimada pelo público: assassinato, mistério, drama e uma investigadora casca grossa. Esse tipo de narrativa consegue captar os mais diversos públicos vide O Guardião Invisível, Silêncio dos Inocentes, entres outros. Contudo, por aqui, você terá um foco exponencial na vida pessoal dos personagens. Não que o resto da história fique de lado, mas o psicológico deles ganham mais peso. Isso é ruim? Nem um pouco.
Mare Of Easttown possui uma das melhores produções do seu gênero sem pertencer, necessariamente, a ele. Os personagens e suas vidas possuem mais tempo de tela ao mistério em si. Não há pressa na construção de climax no intuito de quando ele acontecer, você sinta o peso das ações a quem foi inferido. Por vezes você se importará mais com as consequências das relações pessoais a trama do assassinato.
Os diálogos são bem construídos, mas nada que lhe dê pistas sobre o assassino. Aliás o assassinato é sempre mencionado pelo mundo ao redor justamente para te lembrar do porquê ter começado a assistir essa série em primeiro lugar. Veja bem, eu disse mundo ao redor.
Isso é excelente pelo fato de nada ser expositivo e não precisar de um personagem específico para cumprir essa função. De fato, há personagens mais ligados a um tipo de premissa, mas a vida continua, mesmo você não os acompanhando. A consequência é um sentimento de mundo vivo, assim como na vida real.
Por falar em personagens, todos são bem encaixados na trama e possuem seu lugarzinho ao sol. Alguns você nem assimilará na hora, mas eles já apareceram em algum diálogo ou local. Dê tempo ao tempo para se acostumar com os nomes e citações.
Nenhum, repito, nenhum ator ou atriz está ruim aqui. O diretor, Gavin O’Connor (O Contador), conduziu muito bem seus atores e realizou um básico muito bem feito. Lembre-se, “o básico bem feito supera qualquer megaprodução mais ou menos”; e nesse quesito Gavin acertou em cheio. Salve e guarde um único personagem qual não é mal atuado ou dirigido, mas sim sua história que é meio aleatória mesmo. Ao meu ver, esse é o único momento não trabalhado da série, porém nada que ofusque a qualidade da produção.
Falando de forma técnica, a produção não tem tanto simbolismo e referências do estilo. É filmada de modo normal, com enquadramentos normais e trilha sonora normal. Nesse quesito não há muito para falar. Entretanto esse normal é tão bem feito que a série não deixa a desejar para nenhum filme. A produção foi muito competente na forma como foi gravada e, claro, as atuações foram de suma importância para tal resultado.
Como dito antes, a trama do assassinato fica em segundo plano aqui, apesar dele nortear a obra. Todo esse plot ganha mais peso conforme a série vai finalizando e se não fosse por toda construção pessoal de Mare, arrisco dizer que o final seria insuficiente. Apesar de gradativa, o momento da resolução é abrupta, forçando ter um subplot para compensar essa rapidez e seguir com outra resolução de problemática.
Com participações de Evan Peters, Angourie Rice e Jean Smart, Mare Of Easttown é uma boa pedida para quem gosta de desenvolvimentos de personagens, mistério e uma sutil ação. Sim, há ação, mas não espere muito, afinal esse não é o foco por essas bandas. Espere muitas batalhas de aceitação, intrigas pessoais e uma investigação como fio condutor disso tudo.
A série já encontra-se disponível no catálogo da HBO Max.