Após um ano conturbado para todas as produções por conta da pandemia do Coronavírus, muitos estúdios enfrentaram problemas para seus animes e mesmo Shingeki no Kyojin – O Ataque dos Titãs – que já passaria por mudanças por conta da saída do anime do estúdio WIT que foi o que consagrou e popularizou a super elogiada produção que muitos consideram um caso de adaptação muito superior ao material base, o estúdio Mappa foi quem assumiu e teve que segurar as pontas por motivos de que a emissora que exibia o anime exigiu pressa na produção.
Mesmo com muitos estúdios parando por causa da pandemia, a Mappa continuou lançando, tal como com seu outro anime de sucesso Jujutsu Kaisen, o que fez muitos morderem o bico por conta da aparente queda de qualidade da animação. Existem mudanças significativas no estilo de animação entre os dois estúdios, o que é visível, é claro, como na fase WIT pudemos perceber a delicadeza que tinham para com o tratamento de sombra e principalmente de brilho, tal como o contorno grosso que ajudava a destacar do fundo, mesmo com os personagens não sendo totalmente semelhantes aos do material original, o que é ótimo, por sinal, já que o primeiro volume da obra de Hajime Isayama é muito criticado por seus traços confusos e inexperientes. O mesmo vale para a trama que foi para lá de corrigida e melhorada na adaptação, além dos elementos que indicavam o futuro em suas aberturas, encerramentos e até mesmo em cenas pós-créditos – reforço mais uma vez a incrível cena entre créditos do final da primeira parte da terceira temporada.
Já, por outro lado, a Mappa seguiu mais no foco de uma adaptação fiel. Os personagens se parecem muito mais com os dos traços atuais de Isayama e algumas poucas mudanças na trama foram adicionadas para dar mais detalhes e aprofundamento, mas sem os easter eggs em abertura, encerramento ou pós-créditos – no caso, teve uma pós-créditos no quarto episódio, que foi lançado no final do ano passado, já que teria um pequeno hiato de fim de ano, para segurar o hype dos espectadores – coisa que fez muita falta no último episódio. E, falando neste episódio, é no retorno que vemos a especialidade da Mappa que é a atenção que dão para os olhos com os olhos de Eren Yeager brilhantes antes de sua tão aguardada transformação que não teve um efeito muito melhor do que as versões que os animadores amadores adaptavam em motion comics no Youtube alguns anos antes. E por falar na animação, muito elogiado também era o trabalho e dedicação para qual a WIT tinha com os titãs que, com exceção do muito criticado Titã Colossal 3-D da terceira temporada, todos tinham o mesmo cuidado que os personagens ganhavam, mesmo os mais genéricos. Já com a Mappa no primeiro episódio vimos uma mudança que causou estranhamento na maioria com os Titãs de Marley sendo animados em 2.5D, – computação gráfica com contorno – coisa que não se repetiu no terceiro e excelente episódio que serve de flashback e origem para Reiner Braun e os demais guerreiros de Marley.
Porém, creio que o maior desapontamento foi para com a sequência mais esperada da temporada – os episódios que adaptariam os famosos capítulos de 100 a 108 – A Declaração de Guerra. Justo numa das mais elogiadas batalhas da trama, a animação deixou a desejar. Claro, entendemos muito como o estúdio precisou trabalhar com rapidez por conta das exigências e os parabenizamos por isto, mas aqui culpamos mesmo são estas exigências da emissora que acabaram atrapalhando a qualidade da muito elogiada obra. É possível que, numa vindoura edição para Blu-Ray, tais detalhes sejam acertados como acontecia mesmo na fase WIT. Outro problema que venho ressaltar aqui é a escolha de terminar a metade da temporada justo no momento de maior tensão e preparação para a reta final sem nem mesmo nos dar uma prévia do que esperaríamos onde até mesmo a nossa previsão errou de que poderia ser interrompida em alguns capítulos posteriores para gerar ainda mais ansiedade – faltou aqui o estúdio aprender um pouco com o anterior como trabalhar o hype, pois, na primeira metade da terceira temporada, que é o momento mais morno da série, ao esperarem que os fãs poderiam ficar desanimados com a falta de ação na qual a série se encaminhava, o estúdio os presenteava com alguns vislumbres do futuro – o que deva super certo para prender a ansiedade do público para o próximo ano. Acredito que, caso houvesse só mais dois episódios, talvez não fosse mesmo necessário.
Apesar disto, a trama, que é o que mais importa, foi muito bem adaptada e muito fiel, além de conseguir explicar com facilidade trechos que no mangá eram confusos pela quantidade de informação. A trilha sonora também perde com a ausência de temas incríveis criados para as temporadas anteriores que realmente fizeram falta, como no episódio da Declaração de Guerra, e o tema de batalha acaba sendo repetitivo. Por outro lado, as músicas da abertura e encerramento continuam sendo ótimas. Espero que, para a próxima temporada, o estúdio consiga ter muito mais tempo para produzir, pois, os próximos capítulos que vem aí serão de ação contínua. Você pode conferir minhas resenhas sobre os últimos capítulos do mangá clicando aqui.
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