E vamos mais uma vez de indicação e crítica de séries que já lançaram tem um tempo. Como sempre, demoro para assistir e assim que termino fico empolgada para escrever sobre.
Russian Doll (Ou Boneca Russa) é uma série que lançou no ano passado pela Netflix protagonizada e criada por Natasha Lyonne, com parceria de produção também de Amy Poehler e Leslie Headland. Vemos que diretoras que também são protagonistas tem dado muito certo como por exemplo na série britânica ‘Fleabag’ que foi criada, escrita e protagonizado por Phoebe Waller-Bridge. Confira a crítica de Fleabag aqui.
‘Boneca Russa’ conta inicialmente a história da Nadia (Natasha Lyonne), uma mulher que morre frequentemente e acorda na noite da festa do seu aniversário. Após repetidas mortes ela passa a procurar o sentido de tudo o que está rolando e em uma das mortes conhece o Alan (Charlie Barnett) que também morre sempre e retorna, mas diferente de Nadia ele volta para a pior noite de sua vida que foi quando a sua namorada em que ele pretendia pedir em casamento termina com ele. Eles dois estão presos dentro de um ciclo interminável.
A série mistura algumas questões psicológicas e de realidades bem interessantes. Explicarei um pouco melhor das teorias sobre os efeitos da série na parte com spoilers. Além disso, é uma série muito bem dirigida, com oito episódios e até então com uma temporada e já com uma renovação para mais duas temporadas, finalizando então com três temporadas. Ainda não há data de lançamento confirmada para a temporada 2. Sem contar que a atuação de Natasha Lyonne é incrivel e a personagem Nadia é muito cativante.
(Alerta de SPOILERS)
Considero o encontro de Nadia com Alan como o ponto principal da série. Ambos tinham questões e medos para resolver, se ajudam nisso e imaginam que o fato de estarem passando por isso pode ser justamente o fato de terem a chance de ter salvado um ao outro, apesar de ainda não se conhecerem, em suas primeiras mortes pode ser o fato de continuarem retornando ao primeiro momento.
Agora vamos as teorias. Eu particularmente não acho que a série necessita de explicações científicas ou religiosas, o próprio enredo já traz reflexões importantes e não faz falta uma explicação de tudo que está acontecendo. Entretanto a quem possa se interessar, há algumas teorias legais escritas pela BBC que incluem os temas clássicos de Multiversos, Teoria do Caos ou Viagem no Tempo. Na primeira teoria, eles estariam a cada vez que morrem abrindo novos universos paralelos. Nadia cita isso em um episódio e diz que estaria preocupada que todas as pessoas que eles amam estão lá sofrendo por cada uma das suas mortes. Já na Teoria do Caos, o foco é o fato de que cada detalhe pode ser influenciado por outro detalhe qualquer, essa é a teoria do filme “Efeito Borboleta” por exemplo. Alan e Nadia questionam no último episódio em que se estivessem bem e fossem menos egoístas poderiam ter se ajudado no “momento” em que se conheceram. A Teoria de Viagem no Tempo é a clássica de que a morte deles seria tipo um gatilho para voltem ao momento de partida da onde poderiam ter mudado tudo. Poderia existir uma máquina, ou talvez algo que eles façam no pós vida que faz eles retornarem ao primeiro dia e se esquecerem do pós vida. Mas isso não faz sentido com as frutas estragando, pequenas coisas mudando no dia a dia e as pessoas desaparecendo. Há também a teoria que o próprio Alan fala inicialmente que aquilo seria uma punição pelo egoísmo de cada um. Uma forma de resolverem suas questões internas e começarem uma vida nova. Essa última me lembrou bastante da série The Good Place, série que eu adoro e super recomendo também.
A parte do passado de Nadia é bem interessante mas eu achei pessoalmente um pouco cansativo a intercalação das cenas do seu passado com presente, apesar de estar tudo conectado. E o final quando os dois tentam se encontrar para acabarem com esse efeito me surpreendeu bastante. Sem conta a cena deles saindo do túnel.
Acho que ficou algumas questões pendentes que talvez possam ser explicadas nas próximas temporadas. Por exemplo o personagem Cavalo que era mendigo que ela tenta ajudar algumas vezes, senti que faltou um fim de desenvolvimento para ele. O que foi aquela cena dela morrendo com um pedaço de vidro na boca quando ela foi visitar a Lucy, filha de seu ex namorado? Era só referência ao espelhos que sua mãe quebrou? E por que a reação de Lucy foi tão estranha, assim como a Maxine em uma das últimas vezes que Nadia retorna e a festa está vazia. Acredito que essas questões não estavam envolvidas com o efeito de retorno em si, mas com as ansiedades naquele momento.
(FIM DOS SPOILERS)
Para quem ficou curioso com o nome, fica claro que é em referências bonecas russas que são bonecas que podem ser guardadas dentro de outra e assim cria-se várias camadas. Em uma cena que Nadia vai na casa de Ruth ela encontra essas bonecas e fica um tempo observando. Se torna um trocadilho ao reparar com o seu sobrenome Vulvokov que é também russo. Estou esperando ansiosamente pela próxima temporada e curiosa como vão resolver questões que ficaram sem explicação, se novos personagens vão entrar, se isso vai acontecer também com outras pessoas. Ou mostrar outros universos? Bom não sei, de qualquer forma acredito que vai ser bem interessante.