Hollywood, a nova minissérie da Netflix criada por Ryan Murphy e Ian Brennan (conhecidos por Glee, American Horror Story e American Crime Story, Pose), acompanha um grupo de atores, produtores e diretores que sonham com o sucesso na Hollywood após a Segunda Guerra Mundial (1947), misturando personagens ficcionais com figuras reais da Era de Ouro da indústria cinematográfica.
O elenco de Hollywood conta com Jim Parsons (The Big Bang Theory), Samara Weaving (A Babá), Dylan McDermott (American Horror Story), Maude Apatow (Ligeiramente Grávidos), Joe Mantello (The Normal Heart), Laura Harrier (Homem-Aranha: De Volta ao Lar), Jake Picking (O Dia do Atentado), Jeremy Pope (The Ranger) e Darren Criss (Glee).
O cenário da indústria cinematográfica apresentado é composto por muito glamour, disputas de poder/ego e ambição, onde os jovens atores eram submetidos a longos contratos com os estúdios e eram milimetricamente preparados pelos executivos para ocuparem o papel de astros do momento, além dos famosos Testes do Sofá, que abriam portas para os que queriam ser grandes astros.
O protagonista da trama é Jack Castello (David Corensweet), que após retornar da Segunda Guerra Mundial, sonha em ser ator. Sem nenhuma experiência na atuação, ele aceita trabalhar em um posto de gasolina diferente, os frentistas não apenas abastecem os carros, mas fazem programas sexuais com os clientes para, talvez, ter a chance de conhecer um cliente importante e ganhar o empurrão necessário para ser um astro.
Além de Castello, há também destaque para outros quatro personagens: o jovem diretor Raymond Ainsley (Darren Criss), a atriz negra Camille Washington (Laura Harrier), o jovem roteirista negro e gay Archie Coleman (Jeremy Pope) e o ator homossexual Rock Hudson (Jake Picking).
Ryan Murphy é conhecido por trazer em suas histórias uma releitura de situações verídicas, em Hollywood o contexto é um “E se…”, mostrando na narrativa uma opção diferente para a realidade, onde sexualidade e racismo são levados para a indústria e colocados nos filmes em uma época onde era necessário esconder sua orientação sexual para ser uma estrela e pessoas negras não tinham espaço para crescer. A história, portanto, é um conto de fadas com um pé de realismo pois é difícil acreditar que poderia ter acontecido algo similar na vida real mas se tivesse acontecido tudo seria diferente na indústria cinematográfica.
A minissérie é composta por sete episódios. O início é repleto de cenas dos bastidores da Era de Ouro Hollywoodiana, com muito sexo, abuso e poder, um sistema pervertido e equivocado. O resto da trama mostra a escalada, repleta de obstáculos, que os personagens precisam encarar para se tornarem alguém na indústria do entretenimento nos Anos 50 [talvez, hoje em dia ainda tenha algumas dessas coisas].
Em cada um dos episódios é, aos poucos, desconstruída a Hollywood do mundo real e construída a versão fantasiosa com diálogos que destroem os padrões impostos. Um exemplo bem claro dessa desconstrução ocorre no episódio 3, onde o jovem ator Rock Hudson (Jake Picking) se encontra em um “Teste do Sofá” com um dos chefes da produtora Dick Samuels (Joe Mantello), uma situação comum da época, para ter a oportunidade de fazer um teste. Porém Rock e Dick travam um diálogo tocante sobre as “obrigações” que o mundo do cinema impôs a eles e o quanto eles precisavam abrir de quem realmente eram para ter espaço e atenção das pessoas. Na verdade, o episódio 3 por completo é o ponta-pé da revolução na indústria criada pelos personagens.
Com muito estilo, figurinos impecáveis e um elenco de peso, Hollywood prende o espectador. A presença de easter-eggs da história do cinema Norte-Americana aguça a curiosidade sobre quais aconteceram de verdade e quais apenas fazem parte da ficção.
“Hollywood” estreou em 01 de Maio de 2020, na plataforma de streaming.