Em um mundo onde a magia caiu em desuso, dois jovens precisam se aventurar em uma jornada pelos confins do mundo e redescobrir a importância da feitiçaria. Em seu aniversário de 16 anos, Ian Lightfoot (Tom Holland/Wirley Contaifer) recebe um cajado de presente de aniversário e uma carta de seu falecido pai, dizendo que ele seria capaz de revivê-lo por um dia se aprendesse a usar magia. No entanto, ao tentar realizar o ritual e ser atrapalhado por Barley (Chris Pratt/Raphael Rossatto), seu irmão, Ian reanima apenas a metade inferior de seu pai e os dois irmãos são obrigados a se unir para conseguir terminar o feitiço. Então, eles embarcam em uma viagem que mudará não só suas vidas, mas o mundo.
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica é, basicamente, um filme sobre a importância de conhecer a própria história. Todos os personagens, sejam protagonistas ou secundários, possuem algum passado que precisa ser confrontado para evoluir. É irônico, portanto, que Barley, o personagem mais ligado ao passado, seja tratado como um inútil que não quer saber da vida real. Ele passa os dias estudando um RPG baseado na história real do mundo e todos seus pertences fazem alguma referência aos tempos antigos. Apesar do claro protagonismo de Ian, é Barley quem é peça central dessa história, pois ele quem possui o veículo para transportar os irmãos e o conhecimento necessário para obter o que eles desejam.
Seguimos a história junto destes irmãos em um road movie fantástico e, a cada parada, eles confrontam alguma criatura que precisa se reencontrar com suas origens. Com uma ambientação aos moldes de Zootopia, vemos como essas criaturas fantásticas realizam funções mundanas por se distanciarem da mágica. A primeira parada deles acontece na própria casa, eles precisam relembrar à mãe da guerreira que ela é e do padrasto, um centauro, a falta de necessidade dele usar um carro. Em seguida, eles vão atrás de uma taberna que se tornara uma espécie de Outback Steakhouse, cuja dona deixara de ser uma guerreira e se tornara gerente de estabelecimento. Por fim, eles esbarram com uma gangue de fadas motoqueiras que desaprenderam a voar.
Com isso, vemos uma temática clara se repetindo, onde a solução de todos os problemas encontrados pelo caminho decorre de um embate com a história. O filme frisa sempre que necessário a importância de conhecer o seu passado para que se crie um futuro melhor. É interessante, portanto, que a jornada seja cíclica e termine justamente aonde ela começou, em um colégio, a fonte de conhecimento para entender nossa história e onde os irmão Ian e Barley finalmente possam se entender e se conciliar. No fim das contas, o reencontro com o pai serve apenas como um ponto final, como se fosse uma mensagem de deixar o passado para trás para poder seguir em frente.
Apesar da mensagem edificante, ao fim da metragem o filme deixa um sabor agridoce no espectador mais fanático da Pixar. Digo isso pois sua história parece algo já visto. Além de relembrar Zootopia em sua ambientação, a temática fantástica se assemelha com Como Treinar o Seu Dragão da DreamWorks e essa história de dois personagens em conflito que precisam trabalhar juntos e reconhecer suas forças me parece algo tirado tanto de Toy Story, quanto de Divertidamente. Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica acaba parecendo um amálgama de filmes da Pixar, com um leve toque de DreamWorks, soando como uma jogada para captar os fãs do filme de maior sucesso recente do rival. Todavia, deixando essas semelhanças de lado, é uma história divertida, capaz de tirar lágrimas do público mais sensível.
Dois Irmãos: Uma Jornada Fantástica estréia dia 05/03/2020 nos cinemas com versões dubladas e legendadas.