Cerca de 15 anos após o fim do Death Note, um mangá – quadrinho japonês – que conquistou e popularizou a leitura no ocidente pelo seu tom de thriller policial e sobrenatural a ponto de ser discutido até hoje, chega finalmente uma nova edição, escrita pelo autor da obra, Tsugumi Ohba, com uma abordagem um pouco diferente, menos policial e mais política.
Dez anos após os acontecimentos do último volume, Kira se tornou uma lenda para alguns e um terrorista para outros. Sua história é contada nos livros didáticos e discutida nas aulas de ética. É reconhecido que Yagami Raito mudou o mundo com o Death Note e todo o caso se tornou público após sua morte. Entediado mais uma vez, o shinigami Ryuk decide viajar novamente a Terra para encontrar um novo portador para o Death Note, a fim de repetir a última experiência, busca pelo aluno mais inteligente do Japão, Minoru Tanaka. Porém, para surpresa de Ryuk, Minoru não pretende usar o Death Note da mesma maneira que Kira, pois, como o caso é conhecido e hoje a tecnologia avançou, não poderia se comportar do mesmo jeito, tem então uma decisão de vender esta arma de homicídio em massa pela internet.
A princípio, só havia alguns lances no leilão pelo Caderno da Morte, mas após o policial Matsuda, que enxergava o shinigami desde a última aparição, surgir na mídia tentando impedir o leilão, comprovou publicamente despertando o interesse de autoridades como o Presidente dos Estados Unidos e o Presidente da China, logo que, no fim, o leilão ficou entre eles. É de conhecimento público que o governo americano deve uma quantia de dólares para o Japão que convertida em ienes pagaria todas as suas dívidas e dividida entre centenas de pessoas seria o suficiente para salvar a economia de cada um, é assim que Minoru Tanaka decide vender esta arma, que as escolas ensinam há anos que é ilegal, para o Presidente Donald Trump, expondo-o mundialmente e causando uma tensão entre os países, em troca deste pagar a quantia que devia para o Japão dividida entre centenas de contas no banco.
Minoru tem o plano perfeito para usar o Death Note sem matar ninguém a fim de tirar sua família da miséria e nem ser pego por isso, o que irrita bastante o Rei dos Shinigamis que teve de intervir no final. Esta última regra inserida – a de que o Death Note não poderia ser vendido, e o comprador morreria ao encostar no item e o vendedor ao encostar no dinheiro, pode ter chateado muitos dos leitores, mas a trama redonda do One-shot de Tsugumi Ohba aponta este final desde o início com uma discussão sobre ética e apresentando este novo portador do Caderno, chamado pelo novo L pelo nome A-Kira, como um rapaz que, diferente do Kira que usou para matar, provocou um status forçado de paz mundial através do medo e salvou a economia japonesa sem matar ninguém, mas teve o final que mereceu, logo como foi ensinado para ele que era errado se envolver, podendo ter recusado no começo, mas sua ambição e interesse em tal poder não permitiu.
Death Note como sempre vem para abrir discussões sobre a sociedade, desta vez, além de ensinar que se envolver com o que é ilícito pode ser letal, critica também que o uso é letal para aquele inocente e sem muitas condições que não faz mal a ninguém, ao contrário das grandes autoridades que faz o mesmo uso, com más intenções, e ainda se safa por isto. O final está dividindo opiniões na internet, é claro, pois nos apegamos ao protagonista, mas, como Death Note (2020) se trata de um one-shot, é até previsível que o personagem viesse a morrer no final, tal como o Kira anterior, a partir do momento em que este não fosse mais útil para o shinigami, mesmo que não houvesse a introdução da tal nova regra. Afinal, o Caderno da Morte é feito para nenhum outro propósito a não ser matar.
Death Note (2020) está disponível completo e de graça na internet e você pode ler traduzido em nossa página clicando neste link.