Em uma época onde remakes estão em alta, Adoráveis Mulheres, um clássico da literatura americana, não poderia ficar fora dessa tendência dos últimos anos. A diretora Greta Gerwig, que já se provou uma diretora que sabe lidar com sentimentos e representatividade em Lady Bird, se firma mais uma vez como um nome a se ficar de olho, adaptando com êxito a obra de 150 anos de Louisa May Alcott. Gerwig são só trás uma visão diferente para as irmãs March, como também faz de uma forma simples e encantadora uma adaptação que conta uma história que serve para atualidade.
Com um elenco poderoso liderado por Saoirse Ronan, e completado por Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern e Timothée Chalamet. A história se trata sobre amadurecimento, onde passado e presente são muito importantes na narrativa e mostra o crescimento de todos os personagens. Explorando vários aspectos de cada um deles, de forma que se aprofunde nas suas experiências como seres humanos e desenvolvam sua feminilidade.
Com um ritmo que torna bem prazeroso de se assistir, o filme não tem pressa de desenvolver seus personagens, fazendo o espectador criar empatia e se importar com todos da família March. Os cenários, e até mesmo os figurinos, estão contando algo durante todo o decorrer da história, e isso se destaca nas transições entre passado e presente.
Focando principalmente em Jo (Saoirse Ronan) e Amy (Florence Pugh), que tem arcos bem distintos, ambas são o que movem o roteiro. Mas quando estão juntas tem um tempero especial ali, entregando atuações de peso, as duas atrizes se complementam em tela e entregam as dificuldades de uma relação familiar, e de duas mulheres de temperamento forte e decididas, que estão descobrindo seu lugar no mundo. E mesmo com esses conflitos entre as duas o amor entre elas está ali, como qualquer relacionamento entre irmãos.
Dito isso, o elenco que gravita entre essas duas não se perde no brilho de suas protagonistas. Beth (Eliza Scanlen), que tem uma parte importante no desenvolvimento de Jo, entrega vários momentos tocantes que te prendem os olhos. Já Meg (Emma Watson) é a irmã com menos espaço ali, só que a mais pé no chão e que sempre apoia sua família, como sua mãe, interpretada pela maravilhosa Laura Dern, que aparece em momentos chaves do filme, pra mostrar a família como altruísmo e algo que constrói caráter.
Com uma divisão de arcos bem equilibradas, faz com que o filme se permita algumas participações especiais, como Meryl Streep, que mostra que a independência as vezes pode trazer solidão. Dentro desses arcos, Saoirse Ronan brilha e se destaca com sua atuação certeira e forte, que mostra como Jo, mesmo sendo uma mulher decidida, tem seus conflitos pessoais e internos, mas que durante os anos fazem ela ser uma mulher independente e que corre atrás do que acredita. As perdas que ela tem nesse caminho afloram seu verdadeiro potencial como escritora, que são construídos desde o começo do filme.
Mas gostaria de destacar também a atuação da Florence Pugh, que tem o desafio de mostrar uma menina que não sabe nada da vida e uma mulher que está tentando entender seu lugar no mundo. Tendo explosões de imaturidade quando mais nova o decorrer do seu arco mostra como ela amadurece como mulher para tomar decisões importantes em sua vida com calma e sem pressa. Ela com certeza é uma atriz para se ficar de olho nos próximos anos.
Gerwig deu algumas camadas a mais a um filme que já teve 6 versões antes da sua, com tons delicados e na simplicidade de seu roteiro, ela passa uma mensagem poderosa sobre tentar encontrar seu lugar no mundo sendo mulher. Não apenas desenvolvendo os paralelos entre infância e vida adulta, mas também encaixando isso para o contexto da época e os dias de hoje.