A Morte do Superman (The Death of Superman) é um novo filme animado inspirado nos quadrinhos da DC.

Entenda que minha intenção agora será contextualizar para quem anda por fora dos acontecimentos dos personagens da DC nos quadrinhos e nas animações. Como muitos sabem, os super-heróis foram criados nos quadrinhos como símbolos de esperança, normalmente em momentos de crise, guerra e tensão americana. Superman foi criado durante a Grande Depressão americana e desenvolvido durante a Segunda Guerra Mundial, junto com seus amigos Batman, Mulher Maravilha e muito mais.

Acontece que após o fim da Guerra Fria, não houve mais motivo para os super-heróis continuarem existindo, causando assim uma crise econômica nos quadrinhos – que levou a Marvel Comics a vender seus direitos para variados estúdios como a 20th Century Fox, a Sony e a Universal – que mais tarde causaria outra crise na editora – e enquanto isso, na DC, a editora tomou decisões controversas como matar seus personagens para assim trazer público de novo. Foi então a tão anunciada Morte do Super-Homem, que no início começou até como uma saga interessante, onde eles resolvem noivar Clark Kent e Lois Lane, mas não chegariam a casá-los, pois era de interesse do seriado Lois & Clark de casá-los primeiro, e assim, para adiar o evento, a solução foi trazer a tão esperada morte do super-herói que até então era por todos considerado imortal.

Esta não foi a única vez que os quadrinhos retrataram a morte do Superman, em um futuro alternativo escrito por Grant Morrison Grandes Astros: Superman, a história encerra com Superman sacrificando-se para salvar a Terra e recentemente, em 2016, a versão pós-Flashpoint do Superman encontrou sua irreversível morte, sendo desintegrado a pó, diferente da versão pré-Flashpoint onde ele apenas teve uma suposta parada cardíaca de três dias, levando em conta que o personagem tem poderes regenerativos, mas que desaceleraram após sua exaustão na luta contra o monstro conhecido como Apocalipse. Na versão pós-Flashpoint, antes de morrer, o novo Superman encontra-se com sua versão pré-Flashpoint – uma versão mais madura e mais velha, que já é casado e tem um filho – que o substitui após desintegrar-se, tornando-se agora o Superman oficial desta nova continuidade.

O novo longa de animação é uma junção das duas versões, pois, diferente do longa anterior A Morte do Super-Homem (Superman: Doomsday) de 2008, este se passa na nova continuidade iniciada após o reboot causado pelo Ponto de Ignição (Flashpoint Paradox) quando o Flash (Christopher Gorham) voltou no tempo para salvar sua mãe e mudou completamente a linha do tempo. Nesta versão, Superman (Jerry O’Connel) ainda é jovem, nunca morreu e nunca casou. Até então, tinha um relacionamento com a Mulher Maravilha (Rosario Dawson), que não foi a público, e agora iniciou um relacionamento com a repórter Lois Lane (Rebecca Romjin), que levará a seu noivado, tal como na história clássica.

O novo longa é diferente do anterior em algumas alterações para assemelhar-se mais ao evento dos quadrinhos e incluir-se na nova continuidade pós-Flashpoint. Agora, Superman faz parte de uma formação recente da Liga da Justiça, já tem Lex Luthor (Rainn Wilson) como seu conhecido inimigo, apesar de não ter ainda um longo histórico que o põe como o maior inimigo, e que na verdade, apesar da obsessão de Lex pelo Superman, seus planos não tem como interesse destruir o Superman, mas este acredita que o herói é imparcial, tomando lados, não é onipresente e muito menos uniciente, deve ser desmascarado e portanto, dedica-se a financiar o Projeto Cadmus a criar um novo kriptoniano baseando-se no DNA de Superman e no de seu próprio, dando vida ao Superboy, que veremos mais pra frente.

As investigações da origem das armas da Intergangue, grupo criminoso que ataca um banco logo no início, levam a Star Labs, onde o Dr. Silas Stone (Rocky Caroll) apresenta Superman a John Henry Irons (Cress Williams), um grande fã do herói e que mais tarde se tornará o super-herói Aço. Enquanto isto, em direção a Terra vem detritos que destroem a plataforma espacial onde estava Hank Henshaw (Patrick Fabian), que mais tarde se torna o supervilão Super Ciborgue, e traz ao planeta o monstro misterioso que é batizado por Lois Lane de Apocalipse. O monstro cai no mar perto de Atlântida, levando de lá um rastro de destruição e morte em sentido a Metrópolis, sendo que no caminho, membros da Liga da Justiça, tentando impedir-lhe de chegar na cidade, são derrotados aos poucos até que tudo culmine na batalha mortal entre Apocalipse e Superman que leva a morte dos dois.

O filme está, claramente, bem superior a animação de 2008, mas ainda tem algumas ressalvas – o relacionamento entre Lois e Clark ainda é muito enjoativo e mal resolvido e chega a atrapalhar o gosto de acompanhar o filme, que é salvo por boas cenas, mas que, por isto, demoram para acontecer. A qualidade da animação também é muito superior, apesar de alguns detalhes de alguns personagens ainda me incomodarem, especialmente o visual soberbo do Superman que dificilmente faz-me acreditar que é ele o Símbolo de Esperança, mas que compensa com visuais bacanas como o do Ciborgue (Shemar Moore) que, particularmente, está lindo, e a Mulher Maravilha durante a batalha, apesar de ainda não curtir o visual dela para esta continuidade, toma uma forma bem interessante.
A animação termina com deixa para continuação, tal como a história em quadrinho que não termina com a morte do Super-Homem, pois se não, ninguém compraria as próximas. Tudo leva aos acontecimentos de O Reinado dos Supermen, que será a próxima animação, e que tratá Superboy, Aço e o Super Ciborgue finalmente a tona, visualmente adaptado para a nova continuidade é claro e aparentemente, pondo Superboy como uma espécie de filho adotivo para Lois e Clark e tornando-se o parceiro de aventuras de Damian Wayne, o filho do Batman, que também aparece na animação, tal como a relação de Damian com Jon, filho de Lois e Clark nos quadrinhos atuais.

É difícil dar uma nota completa, pois a animação ainda não terminou, mas pelo pouco que foi mostrado, como eu disse, senti falta de um pouco mais de emoção e me incomodei demais com a enrolação no desenvolvimento do casal, o que, na minha opinião, atrapalha demais o filme, mas que ainda é muito superior ao clássico.