Só queria começar lembrando a todo mundo que – eu perdi O Jogo – saiba mais clicando aqui.Este era de fato o filme de comédia que eu mais estava aguardando desde que vi o trailer no ano passado. Dirigido por John Francis Daley – conhecido pelo roteiro da incrível black comedy Quero Matar O Meu Chefe, finalmente traz de novo um filme do gênero – afinal, por que não fazer piada com morte no cinema, né? Super saudável. Vai aqui também uma curiosidade, ele quem dirigiu Homem-Aranha: De Volta ao Lar e dirige e o filme Flash: Ponto de Ignição, da DC, que vai lançar em 2020.
Neste, que traz de volta Jason Bateman – o Nick de Quero Matar o Meu Chefe – como Max, um homem ansioso que tem competitividade compulsiva por conta de sua criação e casa-se com Annie – Rachel McAdams, a eterna Regina de Meninas Malvadas – que também tem competitividade compulsiva e que por acaso se conhecem em um daqueles torneios universitários em Pubs, coisa bem comum nos Estados Unidos e que está pegando no Brasil agora. Toda a vida deles gira em torno dos jogos, mas Nick ainda sofre por sua criação ter sido a sombra de seu irmão Brooks – Kyle Chandler, premiado por Argo – que retorna de sua carreira na Europa e o assombra de novo com seu carro e casa temporários incrivelmente caros, mas que propõe um jogo para testar Nick e seus amigos, onde um personagem seria sequestrado e os jogadores teriam de seguir pistas para encontrá-lo antes que fosse assassinado, e tudo que aconteceria poderia parecer real ou não, e o jogador não saberia – inclusive nós, espectadores, que somos surpreendidos pelo roteiro o tempo todo.
O filme é muito divertido, lembra muito o tom ousado de Quero Matar o Meu Chefe – piadas com morte, sangue, entre outros tabus, mas sem parecer forçado como em outras comédias, e encontra soluções visuais bem criativas para poupar orçamento – como as maquetes simulando as visões aéreas da cidade, o que faz muito sentido, logo que a trama gira em torno de personagens competitivos. E os coadjuvantes são bem interessantes também, o casal Kevin e Michelle – Larmone Morris e Kylie Bunbury – que estão juntos desde criança, e ao jogarem Eu Nunca, é revelado que Michelle em algum momento já se relacionou com um artista famoso, o casal Ryan e Sarah – Billy Magnussen e Sharon Horgan – cujo o leigo fútil, que acredita em fake news – como a de que ricos tem seu próprio Clube da Luta, e que no filme é comprovado que tem mesmo – sempre perde os jogos por levar como sua dupla uma dating sempre bonita, mas nada inteligente, e que por isto convida Sarah, uma irlandesa intelectual e bem sucedida e que mais se interessa em vencer o jogo do que no próprio Ryan, e Gary – Jesse Plemons, o capitão da USS Callister em Black Mirror – vizinho de Max e Annie, que por ser ex-marido da amiga deles, acabou sendo afastado das Noites de Jogos e faz de tudo para retornar a integrar o time, mesmo que isto possa custar a vida de alguém.
O filme surpreende muitas vezes, inclusive em determinados momentos você se sente como os jogadores, sem saber se o que está acontecendo é real ou armado e sem se quer imaginar como pode ser o final, maravilhando-se com a sequência de decisões idiotas, como invadir um covil de ladrões com uma suposta arma falsa, e sarar uma ferida com Vinho, pois não tinha álcool. Noite de Jogo é um filme bem divertido, e não sei quanto a dublagem, pois assisti legendado, mas aposto que a legenda me fez perder várias piadas que não foram bem traduzidas ou regionalizadas e que a dublagem provavelmente fez um trabalho melhor.