É lógico que a Lara Croft é uma das personagens mais influentes da cultura pop – provavelmente a personagem mais influente do universo dos jogos. Porém, muitos a conhecem pela série de filmes protagonizada pela Angelina Jolie, e agora com o novo filme, protagonizado por Alicia Vikander, que foi intitulado somente Tomb Raider, mas foi traduzido para o Brasil como Tomb Raider: A Origem, traz não um prequel para a franquia anterior, mas um reboot.
Por que um reboot, Matheus? Qual a diferença?
Então, é importante lembrar qual a diferença entre um reboot e um prequel. Um prequel é quando vemos uma história anterior a de uma franquia, contando detalhes que não sabíamos antes, mas mantém intacto o universo antes apresentado – como por exemplo o recente Animais Fantásticos e Onde Habitam, que apesar de apresentar informações inéditas na franquia, não altera o que já havia sido apresentado anteriormente e que cronologicamente se passa posterior. Já um reboot, por outro lado, é quando a franquia é recomeçada. Pode até mesmo ser antes do original como em um prelúdio, mas apresenta informações que alteram o que já foi apresentado na franquia, criando assim um novo universo e inclusive uma nova franquia, situando-se num universo diferenciado da outra, é o caso de Batman Begins e Planeta dos Macacos: A Origem, por exemplo.
Certo, e o que tem de diferente deste universo de Tomb Raider: A Origem para o outro Lara Croft: Tomb Raider?
Bom, a começar que o universo de Lara Croft: Tomb Raider – protagonizado por Angelina Jolie – foi inspirado na Primeira Era do Tomb Raider, o que nos jogos foi iniciado na década de 90 e no filme foi iniciado na década de 2000. Lara era simplesmente uma garota rica, que gostava de ação e aventura e tinha conhecimentos arqueológicos e tecnologia para tais estudos, tudo herdado de seu pai, e que foi contratada para encontrar um artefato místico que a leva a encontrar a Cidade Perdida de Atlântida. Ela era mais velha com relação a nova, mais experiente e menos pé-no-chão. Normalmente, portando de armas de fogo e combatendo vilões, feras e robôs. Houve uma Segunda Era nos jogos, influenciada pela série de filmes protagonizada por Angelina Jolie, mas não deu muito certo. Já em 2013, foi iniciada uma Terceira Era de jogos, influenciada pela série Uncharted – que por sua vez, já era inspirada em Tomb Raider – apresentava uma Lara Croft mais jovem, obcecada pela arqueologia, imatura e sem interesse pela ação e aventura.
O primeiro jogo desta terceira era, Tomb Raider, de 2013, apresenta uma novidade no universo da Lara Croft nunca antes mostrado, que foi o seu naufrágio. Detalhes da origem da posteriormente conhecida como Tomb Raider que já havia sido apresentado nos jogos e nos filmes era de sua relação com seu pai, que lhe ensinou a investigar, e com sua mãe, num desastre aéreo – em Tomb Raider: The Last Revelation, onde possivelmente aprendeu a sobreviver sozinha. Já neste jogo de 2013, que tem um modo história onde a personagem segue a trama imposta pelo jogo, diferente dos jogos clássicos que eram simplesmente de tiro, plataforma 3-D e quebra-cabeças, Lara está a procura da ilha de Yamatai, situada no Mar do Diabo – ou Triângulo dos Dragões, região do Oceano Pacífico conhecida por suas tempestades.
Contrariando os registros dos arqueólogos que nunca encontraram Yamatai, por terem desviado do Mar do Diabo, a tripulação, por insistência de de Lara, enfrenta a tempestade e naufraga, assim indo parar na ilha e deparando-se com um culto liderado por um misterioso homem chamado Mathias, um sobrevivente de outro naufrágio, que, obcecado pelo mito de Himiko, a deusa da tempestade, de que somente trazendo-a de volta poderia controlar o tempo e assim poder sair da ilha, acredita que Sam, colega de Lara, por ser japonesa pode ser uma descendente de Himiko, e decide usar de seu corpo para hospedeiro da deusa, trazendo-a de volta a vida e assim livrando-se de sua prisão. Lara, contrariando o ambicioso objetivo de Mathias e afim de salvar sua amiga, descobre registros de que para livrar-se da tempestade deveria livrar a alma de Himiko de seu corpo mantido na ilha, queimando-o. E assim começa sua luta por sobrevivência, salvação de sua amiga e impedir o objetivo do culto de Mathias que achava que poderia controlar o poder da deusa transferindo a alma desta para Sam.
A história continua no segundo jogo, Rise of Tomb Raider, onde a experiência da tripulação de Lara em Yamatai foi encoberta pela organização Trindade. Institutos arqueológicos não acreditam então nos achados de Lara e assim, nasce a Tomb Raider obcecada por revelar a magia pelo mundo. A Tomb Raider vai em busca da lenda de Koschei, o imortal, a qual seu pai estava em busca antes de morrer, e a partir de suas notas e a viagem de Lara a tumba do profeta, um membro da Trindade invade a mansão Croft e rouba suas anotações para evitar que vazem. Lara vai para a Sibéria, seguindo o conhecimento que adquiriu em sua viagem, atrás da localização de Kitezh, uma cidade mítica nas margens do lago Svetloyar e que segundo as lendas contem os segredos para imortalidade – a qual era o objetivo da busca de seu pai quando morreu. Porém, o objetivo da Trindade não era o de somente acobertar as buscas de Lara, mas de encontrar antes dela a chave para a imortalidade, e assim Lara tem de correr contra a organização para evitar que estes se tornem uma potência ainda mais perigosa para o mundo.
Quais semelhanças e diferenças do novo filme para os jogos mais recentes?
Como pudemos ver pelo filme – se quiser ver a crítica com spoilers, acesse aqui, o filme apresenta esta origem de Lara sobrevivendo em Yamatai. O filme é bem mais pé no chão, tal como é o segundo jogo do reboot, e que também apresenta novas informações sobre a investigação de seu pai e sua relação com ele, além de que a organização vilã no filme é a Trindade e o personagem Mathias não é um líder cultista, mas um antigo rival do pai de Lara e encarregado da Trindade, em busca de encontrar a tumba de Himiko aproveitando-se das anotações do Lord Croft. A mudança na trama sugere que a produção tomou decisões de explorar mais a origem da personagem e manter-se pé no chão, com medo de atirar na fantasia desenfreada, assim, sem ficar confuso como foram os filmes com Angelina Jolie.
E aí, o que está esperando para o novo filme? Será que vai vingar aquele pessimismo sobre os filmes baseados em jogos? Deixe aí nos comentários.