Katsura/Akira é um mangá escrito por Akira Toryama, criador de Dragon Ball, e ilustrado por Maskazu Katsura, criador do Zetman. Quando a revista Jump SQ foi fundada, o editor-chefe propôs a Toryama que publicasse algo, mas este disse que não queria mais ilustrar, então ele trouxe a ideia da parceria com Katsura. São duas histórias sobre a Patrulha Galática, outra criação de Toryama. Aquele personagem Jaco, o Patrulheiro Galático, que aparece em Dragon Ball Super, tem uma própria franquia e foi lançada simultaneamente, e neste volume aqui, são histórias sobre outros dois patrulheiros.
A primeira, chamada de Sachie-chan Good, é sobre uma menina de colegial que descende de um bravo guerreiro e acaba sendo convidada para salvar um planeta após ter seu nome confundido com seu pai, que era mestre de um jovem guerreiro que a acompanhou na aventura. Aos dois, foi prometida recompensas, um catálogo onde eles poderiam escolher qualquer um dos itens e uma máquina transformaria em realidade. A história dramatiza e brinca com questões de paternidade, identidade de nascença, miséria e o futuro da humanidade que, ao invés de destruir o mundo aos poucos, luta para salvar as próprias vidas. A ligação da história com a Patrulha Galática começa com a marca de nascença de Sachie, que lembra muito o símbolo clássico da Patrulha Galática, e ao fim da história, um Patrulheiro chega para resolver o problema daquele planeta, mas o casal de jovens já havia resolvido.
Mais detalhes sobre a Patrulha Galática nós aprendemos na segunda história, Jiya, o Patrulheiro Galático. Nesta, aprendemos que a Patrulha Galática é uma tropa especial universal liderada pelo Rei Galático, um ser com poderes transcentais que tem a missão de proteger o universo, mas como não pode fazer isto o tempo todo, inclusive leva anos de hibernação quando dorme, lidera a tropa espalhada pelo universo. Cada patrulheiro é de uma raça diferente do universo, alguns minúsculos, outros gigantes, e são identificados com sua armadura e o símbolo universal da Patrulha. Jyia, é de uma raça minúscula, do tamanho de uma abelha, e essa tem o poder de dominar o corpo de qualquer ser, entrando pela boca. Assim ele controla a super-armadura da Patrulha e descobre também os sentimentos e prazeres humanos ao incorporar os terráqueos. Esta segunda história tem um ar mais denso e menos cômico do que a primeira, brinca com questões mais adultas como morte e sexo, mas é bem envolvente.
A parceria dos dois mangakás trouxe esse ótimo fruto. Os dois, mesmo sendo de gerações tão diferentes, se conhecem há pelo menos 30 anos. O jovem Katsura era um garoto de 19 anos, começando seus trabalhos de ilustração, quando o anime Dr. Slump – que você pode ler aqui a nossa crítica ao mangá – já passava na TV. Mesmo sendo fã de Akira, o garoto vive rebatendo suas ideias – e olha que o Akira era o roteirista da parceria, mas é claro, se o jovem não gosta de algo, é ele quem sabe de verdade, afinal ele é o público alvo. Várias das ideias de Toryama foram incorporadas nas criações do próprio Katsura, como transformações e personagens loiros, inclusive sendo acusadas de plágio pelos fãs de Toryama que mal sabem que a ideia veio dele.
Katsura-Akira é uma obra magnífica e eu não poderia esperar menos dessa união. As vendas no Brasil pela Panini.