Eu conheço Death Note desde 2006 (o mangá saiu no Japão em 2003), então me considero muito fã pois gostava de algo que, na época, pouquíssimas pessoas conheciam. Muito antes de ter se tornado um sucesso mundial. Tenho o mangá, o anime, os filmes, action figures… Até cosplay da Misa Amane eu já fiz… E é com muita propriedade que digo o quão ruim é a versão americana produzida pelo Netflix.
Não sou contra a adaptação ser feita nos Estados Unidos, nem pelo fato do L ser negro (muitos reclamaram disso. Todos os personagens originalmente são japoneses, ter um negro na versão americana do personagem é natural). O que me deixou profundamente irritada foi o fato de terem escolhido um elenco horrível. As atuações são sofríveis tirando o Willem Dafoe, que faz o shinigami (Deus da Morte) Ryuk. Não só isso, a adaptação tirou toda a essência e inteligencia da história original. Virou uma farofa, com violência gratuita desnecessária. Tudo bem que Death Note é violento e o gore está presente nessa versão, mas algumas mortes e situações são toscas. E o final? Credo, tenho pavor só de imaginar. Mas, calma, quem não conhece a história deve estar boiando, então vou começar do começo.
No original, tanto Light quanto L são muito inteligentes e a disputa entre eles são compostas de várias sacadas geniais e nessa adaptação não tem nada disso. A inteligência só acontece em alguns momentos. O que sobra é um Light mimado e impulsivo e um L violento e sem noção. No mangá explica porque ele senta esquisito e come doces o tempo todo e, como a Netflix não fez questão de aprofundar nada, nem isso explicam, o que torna as ações do L bobas. Perdeu totalmente a alta credibilidade e serenidade que ele tem na versão japonesa.
A explicação que dão ao nome Kira (assassino em japonês) é podre: eles queriam que achassem que ele era japonês como uma forma de despistar que ele era americano. Gente, o FBI é burro? Não né! Já que tudo se passa nos Estados Unidos, manter coisas japonesas acaba tornando o longa meio esquizofrênico. Nessa mesma linha de raciocínio, Watari (o ajudante de L) não precisaria ter esse nome e ser japonês, por exemplo. Aliás, o senhorzinho simpático original foi substituído por um guarda-costas fortão né? No mínimo bizarro…
[Pra quem não quer ler spoiler, só vou dar neste parágrafo, então pule para o próximo]. E o que é a primeira conversa deles? Light praticamente se entrega a L (ele jamais faria isso no mangá, até porque ele era muito inteligente pra isso). Juro que esta cena foi a gota d’água pra mim, mas pra eu escrever essa crítica, fui obrigada a ir até o fim. O modo como Misa idolatra e ama Light no mangá é compreensível e respeitável. Aqui, eles se juntam de uma maneira muito estranha, possuindo um relacionamento doentio e psicopático. Tipo, eles dão amassos enquanto escolhem bandidos para matar. E a forma como ela lida com as situações, sendo verdadeiramente má e ambiciosa, isso não está na essência original da personagem.
Nas avaliações dos assinantes do Netflix, o máximo que dão ao filme são três de cinco estrelas. Não agradou mesmo ao público. Resumindo: conheceu Death Note pelo filme, achou a ideia boa porém mau executada? Leia o mangá, veja o anime, assista aos live actions japoneses, e simplesmente esquece que essa versão existe. Death Note é uma obra prima. Os japoneses acham isso e pessoas do mundo inteiro acham isso. E, americanos, na próxima vez que quiserem adaptar algo brilhante, não estraguem. Se você ia ver o filme e após ler isso preferiu fazer o que sugeri, de nada.
Nota: 0/5