M. Night Shyamalan trabalhando com James McAvoy? Mas é óbvio que essa junção seria maravilhosa! Ambos possuem um currículo invejável. E essa parceria se resulta no fantástico Fragmentado, que estreou na última quinta nos cinemas brasileiros. Ao ver o trailer, você já sabe que o personagem de McAvoy, Kevin Crumb, sequestra três meninas, Claire (Haley Lu Richardson), Marcia (Jessica Sula) e a mais fora do padrão Casey (Anya Taylor-Joy). Nesse momento, também ficamos sabendo que o protagonista possui 23 personalidades diferentes. Ou seja, o filme será, no mínimo, perturbador. Ele é meio que vendido como um longa de terror, mas está mais para um suspense psicológico.
O sequestro já acontece na primeira sequência e, logo de cara, a gente percebe que Casey sofreu algum tipo de trauma na infância. Sua história é contada através de flashbacks e serve de background para explicar como ela reage diferente das outras durante o sequestro e suas tentativas de escapar de Kevin. Ele é tratado pela psicóloga interpretada por Betty Buckley, que conseguiu identificar as 23 personalidades e descobriu que uma 24ª está surgindo.
A terapeuta, em seu estudo peculiar, acredita que portadores de transtorno dissociativo de identidade podem realmente conter personalidades tão autônomas ao ponto de serem independentes, e viverem dentro do mesmo corpo, capazes de desenvolver cada um seu padrão enzimático, doenças, gostos e transtornos separadamente, até por possuírem gêneros e idades distintas.
Nem preciso falar que o filme se mantém em um bom ritmo, sempre muito tenso e misterioso, como costuma ser os longas de Shyamalan. Mas, Fragmentado não teria a mesma essência se não fosse a brilhante atuação de McAvoy que consegue, sem maquiagem, efeitos ou qualquer artifício, mostrar cada faceta dos personagens somente com trejeitos e tons de voz específicos. Ele merecia ganhar o Oscar de melhor ator, não necessariamente por esse filme, mas por qualquer trabalho. Ele é sempre muito bom.
Algumas coisas devem ser destacadas, como a própria interpretação da Anya Taylor-Joy, que também está ótima em A Bruxa. E toda a ambiência do filme, sombria e claustrofóbica, agoniante e densa. Os cenários, a fotografia, os ângulos da câmera. Tudo isso faz com que o filme se torne um thriller completo.
Mesmo que o roteiro seja muito interessante, há algumas falhas que Shyamalan comete como já aconteceu no passado. Ele tem esse único “defeito” de produzir filmes maravilhosos com um final “cagado”. Nem todos, óbvio, mas às vezes isso acontece. Vocês vão perceber isso faltando uns 15 minutos para o filme acabar.
No entanto, ele surpreende os espectadores nos dois últimos minutos e o desfecho é revelador e aí você tem a certeza de que a história terá continuação. É quase como uma cena pós-crédito muito épica. Nesse ponto, você até esquece as “cagadinhas” que ele deu minutos antes. Você literalmente liga o “foda-se” e sai satisfeito do cinema! Assista e depois volta aqui para me contar se você teve essa mesma sensação.
Nota: 4,5/5 (por causa das cagadinhas)