Pra começar, gostaria de dizer que, mesmo que eu nunca tenha jogado Assassin’s Creed, da Ubisoft, conheço um pouco do game, por que tenho um noivo gamer e já vi ele jogar Brotherhood, Unit, Syndicate, etc e tal… Sou uma mega interessada no assunto, não me considero tão leiga assim. Portanto, dá pra fazer uma boa análise do filme, que estreou essa semana no circuito brasileiro. Pra resumir, acho que os fãs vão curtir um pouco mais do que os que não conhecem o jogo.
Adaptações de game não têm um bom histórico. Muita gente não gosta dos longas de Tomb Raider e Resident Evil, por exemplo. Por isso, quando soube do filme, fiquei com uma pulga atrás da orelha e, ao mesmo tempo, empolgada, porque adoro os trabalhos de Michael Fassbender e Marion Cotillard (o diretor Justin Kurzel conseguiu repetir o mesmo casal de seu outro trabalho, MacBeth: Ambição e Guerra). Mas, preciso dizer que me decepcionei um pouco com os diálogos porque não fazem jus ao talento dos dois. Nem de Jeremy Irons, que completa o elenco de famosos no filme. A história fica muito superficial e corrida.
A trama gira em torno do condenado à morte Callum Lynch (Fassbender), que acaba raptado pela nebulosa corporação Abstergo. Lá, ele descobre ser descendente de Aguilar, membro da sociedade secreta do Credo dos Assassinos, na Espanha de 1492 (só uma observação: ainda bem que mantiveram o nome do filme em inglês e não traduziram!). Através da máquina Animus, Callum é capaz de acessar as memórias de seu ancestral graças à linhagem em seu DNA, com o intuito de encontrar um poderoso objeto de desejo da Abstergo: a Maçã do Éden, que contém a chave do livre arbítrio e é disputada pelos Templários. Eles usam Callum com o intuito de descobrir a cura para a violência, já que o instinto assassino está presente no DNA de toda a sua linhagem.
Tudo bem que Aguilar não foi o protagonista de nenhum dos games. A impressão que dá é que quiseram, em um único personagem inovador, colocar um pouco de todos os assassinos, com pitadas de Ézio e Altair… Porém, essa mistura tem um ponto negativo: como os assassinos dos games estão em períodos históricos diferentes, alguns detalhes no filme ficam confusos. Tipo as armas que estão sendo usadas em 1492 mas que, na verdade, são da Era Vitoriana… Ou seja, vira um carnaval sem fim.
Tecnicamente, o filme é interessante: tem figurinos condizentes com a época e o game, a trilha sonora é empolgante (Jed Kurzel teve fortes influências de Hans Zimmer), o 3D é funcional, o jogo de câmera lembra um pouco a dinâmica do game e até as coreografias das lutas são muito bem feitas. Alguns detalhes do universo de Assassin’s Creed estão lá, até porque, se não estivessem, fariam os fãs terem um ataque cardíaco: o salto da fé, o parkour, a corporação Abstergo, o Animus… Mas o filme peca nos detalhes.
Animus, que no game é uma cadeira ligada a um computador, no filme se torna uma máquina ligada à espinha dorsal e cérebro que conecta a pessoa ao passado do seu ancestral. As imagens que ele vê não aparecem na tela de um computador e sim meio nebulosas, numa espécie de holograma. Callum é colocado no Animus, na primeira vez, sem muita explicação para a plateia. O filme é todo em tons pasteis, criando uma ambiência de mistério, mas acaba sendo tudo meio frio, sem muita emoção. Acho que o fato do filme se passar 60% no futuro e 40% no passado é ruim também, porque o passado é muito mais interessante. E a plateia se vê em um eterno vai e vem no tempo que, no fim, acaba sendo meio cansativo.
O desfecho dá uma brecha para um segundo filme. Mas, será que vão fazer uma sequência sobre Aguilar? Ou seria sobre outro assassino? Enfim, temos que primeiro ver se Assassin’s Creed se sairá bem nas bilheterias. De qualquer forma, fica aí uma forte missão para Alicia Vikander, que viverá Lara Croft no reboot de Tomb Raider. E aí, gamers? Será que vai ser bom dessa vez? A data de lançamento será em 18 de março de 2018. Vamos aguardar…
Nota: 3/5