Estava ansiosa para escrever esse texto aqui! Vocês devem saber que o filme que foi indicado ao Oscar como Melhor Filme e Melhor Filme Internacional, além de várias outras categorias do prêmio, está envolvido em alguma polêmicas.
Como boa cinéfila fiquei curiosa para saber, mas afinal, é um bom filme?
Aqui direi a minha opinião considerando minha experiência no cinema e critérios técnicos e pessoais porque cinema é experiência.
Emilia Pèrez (2024) é um filme musical dirigido por Jacques Audiard, notável diretor francês premiado pelos filmes O Profeta (2010) e De tanto bater, meu coração parou (2005).
Sobre o que é, afinal?
Rita (Zoe Saldaña) é uma advogada frustrada e recebe uma “intimação” de Juan, um traficante mexicano, que diz que seu sonho é tornar-se mulher e assumir a identidade de Emilia Pèrez (Karla Sofía Gascon).
Eu sabia pouco sobre o filme antes de ver e quis manter minha crítica o menos influenciada possível. Mas entendi claramente o hate que ele tem recebido.
Pra começar, é uma produção francesa mostrando uma visão estereotipada do México. Me surpreende uma produção atual realizando algo tão questionável. E do elenco principal apenas Adriana Paz é de fato mexicana, que está fazendo uma excelente atuação, aliás.
Mas ignorando essas questões polêmicas, o filme é bom?
Ai você me complica! hahhaha É e não é. Começarei com os elogios.
As cenas musicais são muito bem dirigidas e bem coreografadas por Damien Jalet. A começar pela cena inicial que é perfeita e a Zoe Saldaña tá incrível do início ao fim, me lembrou umas poucas cenas coreografas que a série Euphoria teve na última temporada.
As músicas são muito boas! Não dá pra negar! São boas sim! E a forma que elas se misturam com a narrativa é MUITO BEM FEITA. Uma cena específica começa com uma conversa dentro de um carro e o som do motor se transforma em ritmo dando início a uma música comovente. Isso é uma das muitas cenas bem conduzidas. Depois de ver tanto musical mal dirigido é um alívio assistir as cenas musicais de Emilia Pèrez (2024).
O que tem de ruim, então?
Ah, mas por onde eu começo….. A história é bem fraca, o roteiro deixa muito à desejar. Tem questões complicadíssimas, especialmente ao final que achei péssimo (moralmente, inclusive).
ALERTA DE SPOILER
Uma das cenas finais envolve um acidente de carro que ocasiona a morte da Emilia e da Jessi (Selena Gomez). Não já está todo mundo cansado de finais trágicos para personagens LGBTQIA+? Ninguém aguenta mais! Eu senti um ódio! O que acontece antes me irrita mais ainda… enfim, zero consideração com a personagem, com a comunidade, com o estereótipo de criminoso que sempre vai ser criminoso, com os latinos. Ok, posso ter exagerado, mas odiei!
FIM DE SPOILER
Outra crítica que tenho é o profundo vazio que Karla Sofía Gascón e Selena Gomez me passam. As duas não passam qualquer emoção que deveriam passar, o sotaque de Selena é tenebroso e o que ela faz bem melhor que atuar que é cantar não é usado! Não ouvimos o timbre suave que conhecemos, apenas uma música horrível com coreografia mal feita.
Eu saí do cinema CONFUSA. Um potencial tão desperdiçado, bastava ter melhores roteiristas e atores mexicanos. Sério, não é muito.
Ah, sobre ver no cinema ou em casa… é melhor ver no cinema, porque o filme é tão escuro com uma qualidade de imagem tão abaixo de hollywood que só em telas grandes para conseguir aproveitar um pouco.
Fui cruel, eu sei. Falei, tá falado.
E no fim, eu acho que poderia ter sido uma boa série da Netflix… Dividida em capítulos tornaria o filme menos longo e mais suportável.
Confira o trailer abaixo: