Supergirl é uma das heroínas importantes do universo dos quadrinhos, uma recorrente participante das histórias do universo Superman, além de ter suas próprias narrativas desde sua estreia em Superman #123. Em 2021, foi lançada uma minissérie em oito edições dedicada à heroína com o título Supergirl: Mulher do Amanhã, que chegou ao Brasil através da editora Panini no ano seguinte.
O roteiro foi idealizado por Tom King, conhecido por Senhor Milagre, Superman: Para o Alto e Avante e sua colaboração na revista mensal Batman Renascimento entre 2016 e 2021. Os desenhos foram realizados por Bilquis Evely, conhecida por seu trabalho em Mulher Maravilha, Sandman: The Dreaming e Helen of Wyndhorn.
A minissérie foi indicada ao prêmio Eisner na categoria referente ao seu formato e, no início de 2023, foi anunciado através do co-presidente da DC Filmes, James Gunn, que a história será adaptada para o cinema como parte do novo universo de filmes da editora.
A história de Supergirl: Mulher do Amanhã é sobre Ruthye, uma garota alienígena que procura ajuda para encontrar e matar Krem dos Montes Amarelos, membro de um grupo de assassinos que exterminou seu povo, incluindo seu pai. Ruthye encontra em Kara Zor-El, que está cansada de ser conhecida apenas como a prima do Superman, e em Krypto os aliados necessários para esta tarefa que os levará a diversos lugares inexplorados do universo.
Eu acredito que Mulher do Amanhã é o tipo de leitura indispensável para um fã da Supergirl, do universo do Superman e até mesmo para quem adora uma história em quadrinhos no geral, pois abraça muitas camadas de uma heroína tão relevante como a última filha de Krypton.
Tom King é um roteirista de quadrinhos muito conhecido por aprofundar seus personagens de forma muito ampla e emocional, e nesta história ele não foge às suas características. Porém, utiliza uma abordagem diferente, utilizando a perspectiva de Ruthye para narrar a jornada, o que acrescenta um brilho não apenas para os feitos de Kara ao longo do caminho, mas também para as suas emoções.
Outro elemento característico de suas histórias é o visual em nove quadros estáticos, que atrelam um tom mais melancólico à narrativa. Em Supergirl é diferente, e uma mudança muito bem-vinda que não afasta a profundidade narrativa, convidando o leitor para uma reflexão totalmente diferente em um tom muito mais positivo.
Falando sobre o visual, o trabalho artístico de Bilquis é lindo, vibrante e tem uma energia muito jovial como a personagem-título, sendo uma combinação muito bem ajustada entre um conto de fadas e uma obra de ficção científica. Esse tom mais onírico, combinado com a excelente escolha de cores, acaba por enfatizar essa reflexão, se encaixando de forma excelente com a proposta do roteiro.
Supergirl: Mulher do Amanhã entrelaça um tema que é muito interessante para a fase adulta, que é a busca de identidade. Kara não quer ser apenas a prima do Superman, pois ela tem sua própria jornada e visão de mundo, e aprende sobre isso enquanto viaja com Ruthye. Isso também ocorre de forma inversa, quando se trata das questões pessoais de Ruthye.
Ao longo das edições são contados muitos feitos da Mulher do Amanhã, mostrando sua força que não é limitada apenas à sua constituição física, demonstrando empatia nos momentos delicados e esperança quando parece que as coisas não irão acabar bem. Isso é muito bem sustentado em suas origens como uma sobrevivente e imigrante, adaptando-se a um mundo e cultura totalmente diferentes do que conhece.
O desfecho é emocionante pelo vínculo de amizade que se estabelece entre as companheiras de jornada, com direito a um pequeno plot twist a respeito do resultado da missão que as une.
Supergirl: Mulher do Amanhã é excelente por abraçar as melhores características de personalidade da personagem-título, resultando em uma aventura visualmente linda e emocionante sobre uma heroína tão carismática.