Então eu assisti essa série da Turma da Mônica no Globoplay e devo dizer que tal como os filmes do Daniel Rezende eu gostei bastante.
A série tal como os filmes é bem infantil e isso não é problema, pois a temática infantil ajuda na simplicidade. A partir do momento em que você ignora que aquilo não está tentando ser um negócio complexo, e realmente não está, você acaba aceitando muito mais as bobeirinhas que inclusive são típicas do quadrinho infantil. Algumas coisas que poderiam incomodar em outras produções, mas você percebe como que aquilo foi desenvolvido, como que aquilo foi trabalhado na série, coisas que as vezes nos quadrinhos seriam muito fantasiosas e na série eles não tentam necessariamente ser realistas, mas sim brincam com aquilo que a gente está acostumado nos quadrinhos.
Apesar desses filmes desse universo preparado pelo Daniel Rezende terem uma pegada realistíca, baseada nas graphic novels Laços e Lições, eles não deixam para lá elementos que são fantasiosos nos quadrinhos como por exemplo o que eu acho muito bom que é terem canonizado que a Mônica tem super força. Isso é algo que nunca foi explicado e inclusive tem quadrinhos que o Cebolinha e o Cascão discutem a origem dos poderes da Mônica, mas é algo que está lá e está na série também. E falando em realismo, a série também estabelece finalmente o nome da fobia que Cascão tem com relação a água e trabalha isso de uma forma muito boa nesse enredo, preparando-o para o personagem como o conhecemos em Turma da Mônica Jovem.
Como uma história original que se passa entre os filmes em que os personagens ainda são crianças e a vindoura Turma da Mônica Jovem, aqui eles ainda são pré-adolescentes e existe justamente essa discussão sobre a pré-adolescência porque eles não se encaixam em lugares de criança e nem em lugares de adolescentes e eles estão procurando o seu ainda. Acontece essa trama em que chega essa nova personagem, Carminha Frufru (Luiza Gattai), presente nos quadrinhos, e que tenta tirar o lugar da Mônica, mas enquanto a Carminha faz um plano para tentar humilhar a Dona da Rua fingindo que estava fazendo pazes com ela surpreendentemente é atingida por um balde de lama no maior estilo Carrie, a Estranha, e rapidamente a novata, obviamente, acusa a Mônica. A partir daí começa esse enredo em que Denise (Becca Guerra) se torna a investigadora tentando descobrir e punir a pessoa que causou isso para Carminha Frufru e aí o que torna interessante é que cada episódio tem foco num personagem diferente em que descobrimos a motivação de cada um para se vingar da Carminha e basicamente todos tem motivos para fazer isso, te prendendo para um final surpreendemente e até mesmo emocionante.
A trama inédita gira em torno da Carminha Frufru que é uma personagem que tem nos quadrinhos, que era só a menina loira de olho azul e que todos os meninos ficavam bobos por ela, inclusive o Cebolinha, o que causava, obviamente, muito ciúme na Mônica e aqui na série eles trabalham ela de uma forma muito melhor do que ela é apresentada no universo infantil de Maurício de Souza, mas devo de dizer que não necessariamente ela é a personagem que mais brilha. Pra começar, a Madame Frufru, que é citada desde o início como a mãe da Carminha, até o momento em que ela aparece é trabalhada em todas as situações como uma personagem que dá medo. O mordomo, Jarbas (Ávaro Assad), que apesar de ser um personagem bem bobo, mas que de vez em quando é bem engraçado, fala sobre ela quando é questionado sobre o por quê que todo mundo temê-la e ele simplesmente diz que ela julga. Isso é algo trivial, mas quando chega a Mariana Ximenes fazendo olhar de julgamento é realmente muito engraçado, arracando da Marina (Laís Villela) as palavras – Desculpa por existir.
Mas melhor do que a Madame Frufru é o Capitão Feio que é apresentado como o Feitoso, tio do Cascão, sendo um cara fã de gibis que sofria bullying na escola até o momento em que você percebe que quase toda a trama é baseada num quadrinho original do Feitoso chamado A Vingança do Capitão Feio e ninguém melhor para interpretar um fã de gibis do que o Fernando Caruso. Porém, a melhor personagem introduzida aqui e que foi a que realmente mais brilhou é a Denise. Além de estar muito fiel aos quadrinhos, está muito melhor também. A Denise, para quem não sabe, foi criada para ser simplesmente a fofoqueira do bairro Limoeiro e ela acaba transformando o bairro em seu próprio Big Brother em que ela é o apresentador e a gente o espectador. Quase todo mundo está dentro da manipulação da Denise e se você tinha medo da Madame Frufru por seu olhar de julgamento, a Denise é o próprio Diabo.
E falando em atuação, Giulia Benite continua muito boa como a Mônica, como já víamos nos filmes, ela entrega a carga dramática da personagem. Você consegue muito bem sentir toda a explosão de sentimentos que ela tenta segurar para se manter forte e inclusive esse é um dos temas da série, mas me surpreendi com a evolução que Gabriel Moreira e Laura Rauseo tem como Cascão e Magali, diferentemente de Kevin Vechiatto que ainda não me convence como o Cebolinha.
Nota: 4 de 5 (Bom)
Tal como os filmes Laços e Lições aqui você tem um final que te quebra, que te surpreende e desenvolve a história até mesmo para um caminho em que os quadrinhos clássicos não foram, mas ao mesmo tempo fazendo você lembrar porque você gosta tanto desse universo de Mauricio de Souza.