Alex (Alexandre Welter) sonhava quando criança em um dia ser a Miss França. Muitos anos mais tarde, sua vida não é bem o que esperava e decide retomar esse sonho. Se apresenta com o nome de Alexandra e se candidata ao concurso de Miss. O filme é dirigido por Ruben Alves e distribuído pela Pandora Filmes.
A nova família de Alex é uma das primeiras coisas apresentadas no filme. A relação que eles têm, uma família que não é de sangue, representa muitas famílias formadas pela vida. Especialmente para quem é LGBTQIA+. Eles apoiam quase que de imediato o sonho de Alex e se tornam os maiores incentivadores do sucesso dele. A sua mãe é a que mais demora a apoiar, ela não concorda com o concurso que chama de opressão contemporânea. A relação deles é complicada, mas é a mãe que traz ele para o chão e o faz entender como vai ser difícil esse percurso.
Alex passa por um processo de encontro com a sua feminilidade. Descobre que ser mulher é bem mais complexo do que vantajoso. As exigências para o concurso de Miss são além de beleza, elegância, simpatia e consciência social. Esse universo de concurso de beleza é bem legal de ser visto mais de perto, mas tá longe de ser tão glamouroso quanto imaginam. Ao longo do filme Alex vai se tornando mais forte e se auto afirmando pelo gênero feminino.
Todos os personagens são muito bem construídos, a família dele é muito excêntrica e real. Apesar de não serem o foco, é um ótimo background para a história principal e deixam o filme mais leve. Alex tem um passado dramático e se deixou definir por esse passado por tempo demais até perceber que poderia mudar o presente.
O roteiro é bem trabalhado e coeso. Temos um contraste entre o real e o fantástico: a precarização do trabalho no subúrbio de Paris e sonho de se tornar Miss. Dá para entender cada sentimento que Alex passa ao longo desse caminho e a construção da personagem é linda. A gente torce para que ele consiga (Vamos lá, reage! Bota um cropped!) mas ao mesmo tempo sabe que não vai ser fácil. Eu naquela situação talvez reagiria assim mesmo.
Esse filme é um presente para a representatividade de quem se identifica com as questões de gênero abordadas. É possível compreender com essa obra porque é necessário quebrar os paradigmas sociais e que o seu passado (ou o seu corpo) não te define.
Assista o trailer abaixo: