A Caminho da Lua
A animação é da Netflix, mas antes mesmo de chegar ao seu fim e procurar saber mais sobre ela eu já estava comparando o estilo dos traços e ritmo de roteiro aos desenhos Disney, e para não muita surpresa e um largo ‘tá explicado’, o animador contrado foi Glen Keane, que trabalhou por 40 anos nos estúdios Disney e recentemente foi fisgado pela Dona Flix. Glen trabalhou em diversos longas da Disney, como A Pequena Sereia, Aladdin, A Bela e a Fera e Tarzan. Em entrevista disse que seus mentores o ensinaram a não animar o que os personagens fazem, mas o que estão sentindo e sem dúvida ele usou toda essa pérola de sabedoria em Caminho da Lua, tornando o longa poderoso e sensível, mas de muitas cores e bem atual trazendo cores neon e uma diva pop oriental (veja aqui) que promete te embalar na trilha sonora. Apesar do humor e das cores, o filme me fez chorar em 70% do seu total de 1h40min me surpreendendo ao pesquisar sobre a dedicatória a Audrey Wells. Curiosa, busquei saber sobre e li sobre seu falecimento em 2018. Audrey tinha câncer e seu roteiro é dedicado a sua história como uma mensagem a sua filha e marido.
O roteiro gira em torno de uma lenda de amor em que uma mulher chamada Chang’e bebe uma poção da imortalidade e vai morar na lua, deixando para trás seu verdadeiro amor e lá ela o espera por quanto tempo for, para sempre, com o Coelho de Jade, porque Houyi morreu na Terra. A animação não se aprofunda na real história da lenda e não explica em nada como tudo aconteceu do jeito que aconteceu, isso me fez falta e parece um grande rombo na história. Poderia ter sido muito melhor aproveitada, mas essa brecha abre espaço para dúvidas e sátiras em como as pessoas interpretam de formas diferentes algumas atitudes, e as vezes baseadas até em suas próprias experiências, então talvez não quisessem dar uma explicação definitiva, deixando assim esse espaço cômico e duvidoso.
A partir dessa lenda somos introduzidos a uma família chinesa que possui um pequeno restaurante que produz bolinhos da lua em homenagem a Chang’e, conhecemos Fei Fei, uma fiel credora da lenda de Chang’e e somos muito bem introduzidos ao âmbito familiar, onde conseguimos perceber todas as nuances da vida e do peso da morte. Após a morte da mãe, Fei tenta lidar com o que está acontecendo em sua vida, seu pai apaixonado novamente, prestes a casar, e além de uma madrasta ter a adição de Ching, seu futuro irmão mais novo. Magoada pela memória da mãe ter sido esquecida e substituída, e pela inabalável fé no amor verdadeiro, Fei Fei parte em busca da Deusa da Lua com muita imaginação e determinação.
A animação é muito divertida mas igualmente triste.
Sua mensagem é de amor, perseverança e força.
Forte concorrente ao óscar e possível inimiga número 1 do Disney Plus que chega ao Brasil 17/11, senhora Flix veio com todas as cartas para o jogo.