Ilustrado e escrito por Eiichiro Oda, One Piece é um mangá de gênero shonen publicado semanalmente pela revista Weekly Shönen Jump, desde sua estreia em 19 de Julho de 1997 e continua sendo publicado até os dias atuais. Seu protagonista é Monkey D. Luffy, também conhecido como Luffy do Chapéu de Palha, um jovem que almeja formar uma tripulação e navegar pelos mares em busca do tesouro do pirata lendário Gol D. Rogers, tesouro esse conhecido como One Piece.
One Piece ostenta um sucesso e popularidade sem igual no mundo dos shonen, liderando o posto de mangá mais vendido da história, tendo mais de 437 milhões de exemplares vendidos. Dentro de algumas semanas, seu mangá chegará a marca expressiva de mil capítulos publicados, feito histórico alcançado por poucos mangás famosos como Detetive Conan, Hajime no Ippo, Doraemon.
No início deste ano, segundo informações vazadas, o serviço de streaming Netflix teria o interesse de realizar uma adaptação em live action da obra. Para bem ou para mal, a ideia dessa adaptação causou bastante euforia entre os fãs, principalmente pela possibilidade de finalmente o anime ser incluindo em seu catálogo. Possibilidade que hoje se tornou real, o anime tem previsão de estreia no serviço de streaming neste dia 12 de Outubro, onde serão disponibilizados 61 episódios. Esses episódios correspondem a sua primeira saga: East Blue. Os episódios contarão com uma nova dublagem, diferentes da apresentada nas emissoras Cartoon Network e SBT.
Confira a dublagem oficial divulgada pela Toei Animation
Pensando nesta nova estreia, levantamos alguns pontos relevantes sobre o anime que possam (ou não) te despertar o interesse e dar uma chance de assistir ao Luffy e o bando dos Chapéus de Palha. Mas não se preocupe, pois não haverá spoilers pesados sobre a trama.
Temas
Quem é familiarizado com o gênero shonen, sabe que alguns temas são bem corriqueiros em algumas obras. Não é uma regra, mas por ser focado para um público e por uma faixa etária específica, assuntos sobre amizade, trabalho em equipe, superação são comuns em One Piece. Ao contrário do que muitos imaginam, One Piece abraça o shonen como nunca, inclusive quando se trata de lutas.
A marca registrada de One Piece é a exploração contínua de seu próprio universo. A cada novo embarque dos personagens, ficamos curiosos para saber onde eles irão parar, queremos saber como aquele novo lugar funciona, como são os seres que vivem naquele local, como funciona sua estrutura política ou de poder. Falando em política e poder, One Piece traz discussões importantes, que se encaixam e muito com os dias atuais.
Anime
O primeiro episódio de One Piece foi ao ar em 20 de Outubro de 1999, há quase 21 anos. É meio ridículo ter que falar isso, mas não se pode esperar uma qualidade de animação semelhante ao que é visto nos dias atuais, primeiro que hoje a maioria dos animes possuem um formato de produção bem diferente daquela época. Entretanto, a versão que será disponibilizada para Netflix, será uma versão totalmente remasterizada, logo, você poderá assistir na melhor qualidade que o serviço de streaming poderá oferecer.
Uma das características de One Piece é o seu traço único e marcante. Oda definitivamente desenvolveu seu próprio estilo com a obra. Eu costumo dizer que One Piece é algo pitoresco, tanto pro autor quanto para seus leitores. A animação ela busca cumprir esse mesma função, principalmente nesses arcos iniciais, ela se destaca principalmente quando busca escancarar as emoções de seus personagens. Um sorriso de felicidade, ele se estica de orelha a orelha, um momento de tristeza é coberto de lágrimas e coriza. Tudo é bem intenso e vívido.
Um dos destaques da sua animação é a sua quantidade mínima de fillers em comparação aos demais animes que recorrem a este recurso. Quando ocorre, são quase imperceptíveis, pois são amarrados muito bem com sua história. Por outro lado, em comparação ao mangá, o anime dá algumas esticados em fatos, justamente para criar folga entre uma mídia e outra.
Longevidade
Aposto que muitas pessoas desistiram de tentar acompanhar One Piece justamente pela sua quantidade expressiva de episódios e realmente eu até entendo. Não tem como esconder que sua longevidade é sua lâmina de dois gumes.
Por um lado Oda trabalha muito bem todos os cenários e personagens que apresentam, sejam eles primários ou secundários. Ele exercem grande importâncias em sua história e não simplesmente desaparecem dela, como alguns animes fazem. Com certa frequência, personagens antigos retornam em momentos chaves e dão um novo ar pro anime, tornando seu mundo muito mais vivo e contínuo. Por outro lado, tamanha longevidade acaba gerando certas situações repetidas e isso pode incomodar os mais atentos, mas os detalhes por trás são tão bons que você simplesmente não nota. Alguns arcos também se alongam mais do que deveriam, justamente pela quantidade de fatos trabalhados que às vezes poderiam ser enxugados, mas isso pode variar com a experiência pessoal de cada um, eu só senti esse peso especificamente em um arco mais atual.
Diversidade
Eiichiro Oda se permite criar praticamente qualquer personagem que você possa imaginar. One Piece brinca com o imaginário, com o mitológico e com o real. Podemos nos deparar com criaturas marinhas assustadoras, com gigantes, com duendes, com sereias, com tritões ou até mesmo personagens inspirados em outras mídias, como o Pinóquio. One Piece é extremamente rico de personagens e você vai acabar se identificando com algum.
Um problema recorrente em animes, principalmente nos antigos, é a forte sexualização de personagens femininas. Em One Piece não chega ser um problema recorrente, mas ele existe, mesmo que seja mínimo. É possível notar que algumas personagens acabam sofrendo uma “tunada” em suas curvas. Entretanto, também é interessante citar que as personagens femininas agregam grande valor na obra e não ficam presas a estereótipos de personalidades e nem de seus corpos, sejam elas heroinas ou vilãs.
Dentro do mundo de One Piece também há personagens LGBTIA+. Alguns são aliados extremamente importantes com momentos memoráveis no anime, inclusive os okamas, como são chamados, possuem um estilo de luta próprio e até uma ilha. Não quero dar maiores spoilers da obra, mas em capítulos recentes do mangá tivemos adição de um personagem transgênero quem tem chamado bastante atenção.
Certamente, eu poderia falar de One Piece por horas e aprofundar muito mais alguns pontos citados, mas não pretendo estragar a experiência de nenhum futuro espectador. Quero agradecer alguns produtores de conteúdo que me ajudaram indiretamente nesse artigo. Primeiro ao Narrador do canal Narrativando, que tem me inspirado bastante, além de criar um conteúdo genial sobre narrativas de animes, mangás e jogos. E caso você não lige para spoilers e quer saber mais sobre conteúdo focado em One Piece eu recomendo demais vocês conhecerem o Evandro Fusari do canal MangáQ, lá você pode encontrar um resumo dos principais arcos.