Para uma pessoa que cresceu assistindo séries teens e já não é mais o público alvo delas, assistir Sex Education (as duas temporadas) foi como receber um “abraço quentinho” e mostrou que a indústria da tv/streamings está apresentando aos jovens conteúdos com a qualidade que eles merecem receber.
Sex Education é uma série produzida e distribuída pela Netflix, o enredo, a princípio, não traz muitas variações das séries teens com exceção da abordagem sobre sexo e sexualidade.
A segunda temporada tem 8 episódios e conta com Asa Butterfield, de ‘A Invenção de Hugo Cabret’ e ‘O Lar das Crianças Peculiares’, como o personagem Otis, conta também com Gillian Anderson, a eterna Dana Scully de ‘Arquivo X’, fazendo o papel da sua mãe, Jane. O enredo central de Sex Education apresenta a história de Otis, um adolescente, filho de uma terapeuta sexual, que acaba se transformando em ‘terapeuta sexual’ dos seus colegas da escola, junto com sua amiga Maeve, interpretada por Emma Mackey .
Apesar de parecer que a intenção é trazer em tom de comédia sobre como os jovens lidam com sexo, a série traz muitas reflexões e esclarecimentos necessários para os adolescentes. Pode parecer clichê abordar o tema em um roteiro voltado para jovens mas os desdobramentos e os personagens complexos conseguem vencer o estigma do “clichê”.
A partir desse ponto o texto pode conter spoilers sobre a segunda temporada. Caso não tenha visto ainda, a segunda temporada já está completa na Netflix.
Muitos pontos abordados chamaram minha atenção enquanto assistia a segunda temporada, como, por exemplo, a abordagem sobre se amar para amar alguém (relacionamento Eric e Adam), porém o episódio 7 foi o que me fez refletir mais.
No Brasil, a cada 1 segundo uma mulher é assediada. Em Sex Education, durante o episódio 7, as seis jovens mulheres perceberam o que elas tinham em comum: todas já sofreram algum tipo de assédio.
No episódio a professora Sands coloca na detenção as seis personagens juntas: Vivian (Chinenye Ezeudu), Maeve (Emma Mackey), Aimee (Aimee Lou Wood), Ola (Patricia Allison), Lily (Tanya Reynolds) e Olivia (Simone Ashley). Durante a detenção elas precisam escrever um texto sobre o que ela tem em comum e Aimee conta as meninas o que ela passou no ônibus e finalmente consegue se abrir sobre a situação, contando as meninas que ela não consegue mais andar de ônibus.
Para além dos casos apresentados (todos bem fortes) é importante ressaltar a forma que é tratado, falar de assédio para jovens não é simples e a série consegue trabalhar o tópico muito bem. Com um dialogo repleto de sosoridade feminina e demonstrações de como as mulheres precisam ser unidas e fortes, Sex Education trata o assédio como algo que precisa ser conversado sempre.
A temporada termina com alguns arcos fechados e com uma brecha para uma nova temporada. Espero que a série seja renovada e que continuem abordando temas polêmicos e extremamente necessários na vida dos jovens.