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A Vida Invisível de Eurídice Gusmão | Crítica

Candidato brasileiro à disputa do Oscar retrata a vida de duas irmãs invisibilizadas por uma sociedade patriarcal.

João Oliveira Por João Oliveira
22 de novembro de 2019
Em Filmes
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A Vida Invisível de Eurídice Gusmão | Crítica
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Rio de Janeiro, anos 50, filhas de uma família tradicional portuguesa, as jovens irmãs Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Júlia Stockler) são grandes companheiras. Apesar de extremamente diferentes uma da outra, as duas possuem uma relação de cumplicidade ímpar. Eurídice é introspectiva, leal a família e focada, sonha em estudar piano num conservatório em Viena. Já Guida é intensa, rebelde e impulsiva, se apaixonou por um marinheiro grego logo no primeiro encontro e decidiu fugir de casa para viver o sonho de um amor eterno. Sem contar para a irmã que sua escapada era definitiva, Guida pede ajuda a Eurídice, que a auxilia a sair de casa sem que Manoel (Antônio Fonseca), o patriarca conservador, perceba. Com isso, a jovem parte para a Grécia, abandonando a família e Eurídice, deixando apenas uma carta de despedida.

Meses se passam e Guida volta para o Brasil sozinha e grávida de um menino. Seu primeiro impulso é retornar imediatamente para sua antiga casa em busca da irmã que tanto sentia saudades, no entanto, ao chegar lá, se depara somente com a mãe Ana (Flávia Gusmão) e seu pai. Manoel, ainda revoltado com a fuga da filha mais velha, expulsa ela de casa e mente para Guida, dizendo que Eurídice se mudou para Áustria e estava estudando no conservatório que ela tanto sonhava, quando, na verdade, a vida de Eurídice havia tomado um rumo completamente diferente. A irmã mais nova de Guida se casara com Antenor (Gregório Duvivier) e ainda vivia no Rio de Janeiro, na casa de seu marido. Desolada com a ausência da irmã e a expulsão de casa, Guida procura abrigo e tenta sobreviver no subúrbio carioca, enquanto escreve cartas diariamente para a irmã, na esperança de um dia reencontra-la.

Esta sinopse é apenas o início da história descrito de forma breve e geral. Intenso, não? Pois é isso que A Vida Invisível de Eurídice Gusmão é: um filme intenso. Baseado em um livro homônimo, o roteiro escrito por Karin Aïnouz, Inés Botagaray e Murilo Hauser se inspira no gênero literário do melodrama clássico para entregar esta força. Literatura essa que acaba sendo representada em tela, visto que as cartas de Guida sempre são declamadas em off, num tom saudosista e melancólico, fazendo a ligação entre as duas irmãs que vivem realidades tão distintas. Através desta dicotomia de realidades, vemos uma temática em comum entre as protagonistas: a invisibilização social da mulher em uma sociedade patriarcal. Enquanto Guida é subestimada e hiperssexualizada por homens na rua e no ambiente de trabalho, Eurídice é ignorada e silenciada dentro da própria casa. E é através dessa crítica social que o filme imprime sua intensidade.

Karin Aïnouz, que também dirige o filme, se interessa particularmente em filmar as suas protagonistas e as reações delas. Aliado a essas excelentes atrizes, sua câmera foca suas reações perante às situações desconfortáveis pelas quais elas passam. Como exemplo mais evidente, podemos observar as cenas de sexo do filme, que sempre buscam ocultar a figura masculina em detrimento da filmagem dos rostos das protagonistas. Para ilustrar isso, podemos pegar a lua de mel de Eurídice, onde o sexo ocorre após uma sucessão de trapalhadas e, quando o ato é consumado, observamos o casal filmado de cima – evocando um certo distanciamento entre os dois – com Antenor de costas para a câmera e sua esposa extremamente desconfortável e, em alguns momentos, sentindo dor. Durante todo o filme, a figura masculina é retratada como opressiva, até mesmo nos momentos mais tranquilos, justamente para evidenciar esta sociedade que trata a mulher exclusivamente como objeto. Em contrapartida (com exceção de Ana, mãe de Eurídice e Guida, que é submissa ao marido), as personagens femininas são representadas como ternas, compreensíveis e acolhedoras.

Para corroborar com esta atmosfera, vale se observar o trabalho impecável da fotografia de Hélène Louvart, que, ao evocar a expressividade do melodrama, pinta a tela com cores bem evidentes e vivas para expor os sentimentos das protagonistas. Quando o momento é de melancolia, o azul e o verde se fazem presente, como por exemplo no nascimento do filho de Guida, fruto de uma gravidez indesejada. Já em momentos saudosistas e de ternura o vermelho aparece com mais força, como quando Eurídice realiza uma audição de piano e toca as notas com fervor lembrando da irmã ausente. Há, também, o amarelo das roupas de Guida representando a sua luta por sobrevivência e a sua mudança de personalidade ao se tornar decidida e batalhadora, graças a situação em que se encontra. Estes são alguns exemplos das pinturas mostradas a cada quadro deste longa-metragem.

A sua ligação com a arte não acaba por aí, além de evocar a literatura com as cartas de Guida e a pintura – de certa forma– com a fotografia, a trilha sonora também serve para conduzir bem os momentos da narrativa, através dos concertos solos de Eurídice. Suas notas tocam com vivacidade e rapidez em momentos de euforia e lembrança da irmã, mas, nos momentos de tristeza profunda, as notas passam a se tornar erradicas, melancólicas.

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão é um filme tocante, uma história real e facilmente relacionável devido a sua temática universal e cruelmente atual. É uma história sobre como mulheres são subestimadas por uma sociedade regida por um sistema essencialmente misógino e patriarcal. É, também, uma  história sobre amor entre irmãs e sobre como a esperança de um reencontro dá forças para que estas personagens sobrevivam (e vivem, como evidenciado na idosa Eurídice interpretada por Fernanda Montenegro no tocante epílogo). É uma história que acha beleza na tristeza e que, definitivamente, vale ser vista.

A Vida Invisível de Eurídice Gusmão estreou no circuito nacional na quinta-feira, dia 21 de novembro.

Tags: 2019Carol DuarteCinema NacionalFernanda MontenegroJúlia StocklerKarin AïnouzOscar
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João Oliveira

João Oliveira

Apaixonado por Cinema, me formei em Relações Internacionais, mas logo larguei o curso para perseguir a carreira como crítico de filmes. Estudei algumas coisas dentro desta área e pretendo me aprimorar cada vez mais. Tento ver uma boa quantia de filmes por ano e até agora nada conseguiu barrar Blade Runner (1982) como meu filme favorito.

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