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O Seminarista – Rubem Fonseca | Análise (Com Spoilers)

Matheus Volnutt Por Matheus Volnutt
26 de novembro de 2018
Em Livros
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Bruno Gagliasso em “Dupla Identidade”, minissérie apresentada na Rede Globo com temática semelhante, mas não tão profunda.

O livro do autor brasileiro Rubem Fonseca está sendo pedido para análise da Redação do Exame Discursivo do Vestibular UERJ neste ano, e para tanto, imagino que muitos estejam correndo atrás de terminar de ler, e alguns, sem muito tempo.

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Matthew Vaughn filmando “Kingsman 2”, filme que tem uma linguagem que poderia ser bem aplicada numa adaptação de “O Seminarista”, mas que enfrentaria dificuldades na interpretação.

Como vi na internet que nem todas as resenhas se aprofundam na complexidade da trama proposta pelo autor e vêem apenas a camada superficial, tratando-o como um roteiro de um filme clichê de assassinato, – eu mesmo, no início, brincava dizendo que o livro daria uma ótima minissérie da Rede Globo, tal como aquela Dupla Identidade protagonizada pelo Bruno Gagliasso, ou um filme dirigido por Matthew Vaughn, diretor de Kick-Ass e Kingsman, mas ao terminar o livro e refletindo sobre, comecei a pensar diferente – resolvi fazer esta resenha para ajudar, pois, não sabemos como será tratado no tema da Redação e portanto, irei analisar e decifrar, resumidamente, as camadas da obra. O livro, é claro, pode ser muito bem visto como apenas uma trama policial que serve como entretenimento e passatempo, caso você enxergue de forma superficial ao ler da primeira vez, mas ao ler da segunda vez você consegue dar mais atenção a detalhes e inclusive responder dúvidas que foram deixadas no final ao terminar de ler na primeira. Se o livro fosse assim tão superficial, acredito, que não seria o tema pedido da Redação, levanto em conta que Dom Casmurro, com suas dezenas de interpretações, foi o tema pedido no Exame Discursivo da UERJ no ano passado.

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“Dom Casmurro”, de Machado de Assis, foi o livro pedido no Exame Discursivo do Vestibular UERJ do ano passado. A obra também deixa aberta a discussão de inúmeras interpretações até hoje.

O Seminarista tem um ritmo muito parecido com um filme de ação, o que dá a entender que o autor já o preparou para um roteiro adaptado, a primeira vista, mas não. A não ser que o filme não queira passar assim toda a profundidade do livro, o texto adaptado terá de ser muito mais criativo para transcrever visualmente toda a metáfora escondida. A história começa com uma introdução bem semelhante aos filmes que mostram essa trama repetida do bandido aposentado. Os três primeiros capítulos são uma sequência de casos em que o protagonista José, – o nome mais comum do Brasil e curiosamente, o primeiro nome do autor também – um ex-seminarista e atual assassino de aluguel, nos apresenta para termos uma ideia de como era sua profissão até largá-la e afim de aposentar e ter uma vida tranquila. Dá-nos a entender que suas atitudes eram apenas para recolher dinheiro o suficiente para aposentar-se com pouca idade e poder curtir seus prazeres pelo resto da vida – música, livros, arte e mulheres, ou mulher, pois este se apaixona por Kirsten, uma alemã cujo nome significa literalmente cristã ou mesmo Cristo, que entra em sua vida e a muda completamente. José deixa de lado sua vida boêmia e passa a se dedicar a sua Noiva.

É importante notar que o protagonista deixa bem claro que nunca procurou muito se envolver em seus cases quando ativo. Que, quando assassino profissional, recebia as missões de seu Despachante sem perguntar quem era o contratante e por que o alvo deveria morrer. Dava um tiro na cabeça para apressar e diminuir o sofrimento, e nem lia jornais no outro dia para não saber de quem se tratava. Tanto que, ao aposentar-se, matou todos os que sabiam de sua profissão, inclusive o Despachante e sua ex-mulher, uma das únicas três mulheres que matou na sua vida, contanto com uma enfermeira que teve de morrer junto com um dos alvos, e sua atual noiva, Kirsten – um spoiler deixado pelo próprio protagonista, mas que seria explicado depois. A vida pacata de José com Kirsten vira de cabeça a baixo quando um dos seus antigos clientes passa a caçá-lo, consequência de suas ações sem questionar. José se vê obrigado a sair de sua vida pacata, pondo em comprometimento a segurança de Kirsten, que descobre sua arma, obrigando-o a contá-la tudo – lembrando que este foi o motivo para que este matasse sua primeira mulher e o Despachante – e descobrindo, mais tarde, que Kirsten é filha de ninguém mais, ninguém menos de que o próprio Despachante que, para confusão do leitor, ainda estava vivo, fazendo questionarmos se a sua execução aconteceria mais tarde na narrativa.

A trama então apresenta-nos mais três personagens importantes – Sangue de Boi, um colega ex-seminarista e que também se tornou assassino e que estava atrás de um disco com informações privilegiadas; D.S., também um colega ex-seminarista, que agora era muito rico e formava-se em letras; e Ziff, um milionário que supostamente era quem fazia antagonismo com Sangue de Boi e José. Começa aí, um segundo ato cheio de reviravoltas que levam mais tarde a morte do Despachante e Kirsten, mas não pelas mãos de José, e a morte de Sangue de Boi, Ziff e D.S., sim pelas mãos de José, que descobre mais tarde que D.S. também se tornara assassino, mas que, diferente de seus ex-colegas, mandava matar ao invés de fazer o trabalho por si, que era o responsável por toda a confusão em sua vida e que Ziff era seu assassino subordinado.

O livro termina deixando muitas perguntas, o que te faz, após refletir sobre, procurar ler uma segunda vez para descobrir se realmente foram deixados tais furos – o que parece inconsistente vindo do autor – ou se realmente foi proposital tal ambiguidade, como por exemplo, como encontramos Kirsten e o Despachante mortos se o protagonista nos contava que ele mesmo os matou? Lembrando que, toda vez que um próximo de José morre, ele encontra o corpo, o que nos faz pensar que foi ele o causador da morte e não tem consciência disto. Mas é refletindo mais que nos questionamos por que é tão importante o background do personagem sobre sua formação de padre. Seria somente para justificar o por que da afeição com a língua latina e a arte erudita ou para justificar o por quê da mudança tão drástica de comportamento em sua vida? Na real, não existe mudança nenhuma, tanto que não é explicado com clareza o que faz José largar a formação e é quando concluímos que José nunca a largou e que sua ocupação de assassino de aluguel é uma metáfora para o Seminário ou mesmo para a religião, tal como no filme Mãe. Percebe-se que Zé e todos os seus colegas ex-seminaristas se tornaram não padres, mas assassinos, assim, a ocupação nada mais é do que uma metáfora para os sacrifícios que os seminaristas tem de fazer em sua formação, como matar o pecado, as crenças, os prazeres, dando por exemplo os casos em que Zé tem de matar um sósia do Papai Noel, simbolizando o afastamento nas crenças populares, mitos e paganismo, e quando Zé tem de matar o cara das joias, simbolizando o desapego a riqueza material.

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Pôster de “Mãe” que sugere a metáfora religiosa do roteiro.

Ao mesmo tempo, Zé simboliza o Homem, enquanto Kirsten – cristã – simboliza a imagem da Noiva da igreja, ou seja, Jesus Cristo; seu pai, o Despachante, que já havia morrido em três capítulos anteriores e retorna, simboliza Deus, pois não mata, mas manda o Homem matar em seu lugar e, mais precisamente, o Deus do Novo Testamento, por ter a imagem de Pai, e quando Zé cita a frase de Nietzche Deus está morto – e o homem o matou – deixa isso ainda mais claro, também por ele matar outra imagem de Deus, o Deus do Velho Testamento, o Deus da Guerra, que é D.S – D’eus, que é como os judeus se referem a Deus para não levar seu nome em vão, tirando o eu de Deus – D’S, ou seja, tirando a si próprio de Deus, que, diferente do Homem, assassina vários, mas indiretamente, mandando Ziff fazer seu trabalho por ele. Ziff nesse caso seria o povo hebreu. O livro deixa aberto a muito mais teorias que podem ser abordadas e provavelmente o Exame Discursivo da UERJ não vai pedir isto, mas acreditamos que pedirá algum tema como o da Violência – se a violência é inata ao homem – ou a metáfora a intolerância religiosa. De qualquer forma, é importante ler o livro, nem que seja só uma ou duas vezes, e ler também as resenhas para refletir ou mesmo formular mais interpretações, pois dá para perceber como cada um sai pensando algo diferente sobre a trama niilista e dúbia do protagonista, logo que vemos tudo na visão de tal.

Nota: 4/5 (Bom)

Mas para quem não pretende fazer uma análise tão profunda, o livro é um ótimo passatempo. Já começa na ação e no humor, e é muito bom ler uma trama policial passando-se no Rio de Janeiro – podemos identificar vários cenários e com direito a piada citando Nova Iguaçu, ao mesmo tempo uma linguagem agressiva que pode incomodar o leitor e impedir de relacionar-se com este a princípio, mas que a metade do livro nos pega torcendo por ele, nos fazendo questionar o certo e o errado, se somos ou não a favor do criminoso – ou mesmo da violência e da agressividade – quando é conveniente, e se esses conceitos podem ser invertidos e se valem apenas para quem o impõe e quando. É isto, abraços e tenham uma boa prova!

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Matheus Volnutt

Matheus Volnutt

Formado em cinema, profissional da área de produção audiovisual e criador da Terra Nérdica.

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