Como um grande fã de filmes trashs e, principalmente, de tubarões, eu tenho o dever cívico de te recomendar este filme. Portanto, tentarei fazer isso com apenas uma frase: Jason Statham enfrentando um tubarão de 27 metros. Não foi o suficente? Então senta na cadeira aí que, talvez, minha crítica te convença.
O filme não mede esforços para colocar o espectador tenso e dentro da ação. Logo na primeira cena, acompanhamos um resgate liderado por Jonas Taylor (Statham). Jonas tenta salvar a tripulação de um submarino de águas profundas. O resgate estava ocorrendo bem, quando, de repente, uma criatura gigantesca e misteriosa começa a atacar o veículo. Para evitar a morte de todos — inclusive a sua — Jonas toma a difícil decisão de deixar alguns tripulantes para trás.
Incrédulos com a história sobre uma criatura monstruosa, os demais membros da tripulação acusam o mergulhador de ter sofrido um surto psicótico, afastado-o de sua empresa e, com isso, Jonas decide viver uma vida reclusa na costa da Tailândia.
Apesar do acidente, a empresa do bilionário Jack Morris (Rainn Wilson) segue com as explorações submarinas sob o comando do Doutor Minway Zhang (Winston Chao) e sua filha Suyin (Li Bingbing). Eles comandam uma equipe de pesquisadores que analisam as profundezas da Fossa das Marianas em busca de novas espécies.
Quando uma expedição se envolve em um acidente similar ao do início do filme, a empresa não vê outra escolha a não ser chamar Jonas Taylor para realizar o resgate. Para a surpresa de todos, a causa destes acidentes era realmente uma criatura gigante: o megalodonte, um tubarão pré-histórico com capacidade de atingir até 27 metros de comprimento.
O roteiro do filme não é nada novo, ele segue a risca todo e qualquer filme de tubarão já feito, tentando, de certo modo, emular e homenagear o clássico Tubarão (1975), de Steven Spielberg. Além disso, vemos a presença de personagens extremamente clichês e esteriotipados, como o herói destemido, vivido por Statham, a mocinha honrada, interpretada por Bingbing, o rico excêntrico de Rainn Wilson, entre muitos outros. Entretanto, o filme busca ser algo inovador e conta com o carisma de seus atores para que estes personagens, por mais mal desenvolvidos que sejam, divirtam.
E diversão é a palavra chave para Megatubarão, o filme surpreendentemente diverte demais. O grande acerto por parte da produção é brincar com o quão absurda é essa ideia e, com isso, rechear o filme de alívios cômicos. O longa faz piada de si do começo ao fim da projeção.
Outro grande ponto forte é a direção de Jon Turteltaub. Ele utiliza diversas vezes de ângulos fechadíssimos para causar claustrofobia e acerta ao escolher mostrar poucas vezes o tubarão por completo, deixando o suspense fazer o seu papel. Há algumas piadas visuais muito bem inseridas no filme também, fruto do bom uso da câmera.
Um filme sobre um tubarão gigante não seria nada sem efeitos especiais e, a respeito do uso nesse filme, eles não deixam a desejar nunca. O tubarão é extremamente bem feito e os ambientes criados pela computação gráfica são impressionantes e críveis. Alguns momentos o CGI está tão bom, que é capaz de você acreditar na existência de um ser de tamanha dimensão. No entanto, devido a escolha de classificação indicativa, o filme retirou todas as suas cenas cheias de sangue e gore, o que tornou o filme um tanto quanto cartunesco
O filme da uma escorregada grande na hora de se colocar em um gênero. É muito difícil classifica-lo, pois ele flerta com diversos tipos de filmes. Há momentos de extrema comédia, outros bastante dramáticos e alguns que chegam a ser de horror e gore. Isso tira a consistência do filme e, as vezes, perde a atenção do espectador. Sobre esses gêneros: acredito que o filme acerta demais quando abraça o lado cômico e não se leva a sério, mas se torna extremamente sem graça quando se leva para o lado mais dramático.
Megatubarão, é um filme despretensioso, cuja promessa é divertir o seu público. Ele consegue realizar isso com êxito, mas perde a sua força com sua narrativa inconsistente e recheada de clichês. Apesar disso, os personagens são carismáticos, a tensão é de primeira, fazendo com que o filme sejam duas horas bem proveitosas. Vale a pena pegar pra ver.
Ah! Um último comentário: O Jason Statham seria um Aquaman muito melhor que o Jason Momoa!