E se puderem, assistam na UCI IMAX, porque vale muito a pena!Pela primeira vez em toda a franquia Missão: Impossível vemos a repetição de um diretor e de um vilão e não poderiam ter escolhido opções melhores para repetir. Solomon Lane, interpretado por Sean Harris, é o que melhor antagoniza com o personagem Ethan Hunt – apesar de nosso vilão favorito ainda ser o Owen Davian,Phillip Seymour Hoffman em Missão: Impossível III. Enquanto Lane acredita que sacrifícios devem ser feitos para se atingir um objetivo, Ethan abre mão de seus objetivos e missões, para assegurar a vida não só de seus companheiros, como de desconhecidos. Nunca na franquia vimos um retrato tão humano do personagem de Tom Cruise.
Em relação a direção, repetir Christopher McQuarrie foi perfeito. Primeiro, porque este filme é uma continuação direta de Missão Impossível – Nação Secreta, também dirigido por ele. Segundo, porque o diretor já vinha mostrando um estilo interessante a frente da franquia. Entretanto, é em Missão: Impossível – Efeito Fallout que McQuarrie entrega seu melhor trabalho até então. Em conjunto com o diretor de fotografia Rob Hardy, ele realiza as melhores cenas de ação do cinema desde John Wick. A movimentação da câmera é fluída, as cenas são nítidas e as escolhas de ângulos facilitam entender o que cada personagem está fazendo durante a cena. Além disso, o diretor utiliza-se dos cenários como elementos que compõem as cenas. Há uma cena de perseguição em Paris que os pontos turísticos fazem parte da ação.
Outro grande fator que engrandece as cenas de ação é o empenho dos atores, principalmente de Tom Cruise. Ao optar por não usar dublês, as cenas se tornam ainda mais críveis e palpáveis. Quando vemos uma perseguição de helicópteros, por exemplo, é Tom Cruise quem está lá pilotando e a agonia passada pro espectador é a sensação de aflição que você teria em seu lugar, tal como quando o ator se machuca de verdade na sequência que pula de um prédio a outro e levanta mancando. Isso passa um naturalismo impressionante para as cenas e coloca o espectador ainda mais envolvido com o filme.
O roteiro de Missão: Impossível – Efeito Fallout também é o melhor da franquia. É um roteiro praticamente referencial, que aborda temáticas vistas nos filmes anteriores e trata de amarrar as pontas soltas deixadas. Há a volta da politicagem do primeiro filme, temos uma resolução para o terceiro filme e uma continuação direta ao quarto e quinto filme. Ademais, temos arcos interessantes de personagens, vemos um Ethan Hunt ainda mais suscetível a falhas, um antagonista com motivações convincentes e personagens secundários tridimensionais e bem desenvolvidos. Há uma boa dosagem no uso da comédia também, mostrando que o filme se abraçou como um grande blockbuster e não se levou tão a sério. Os plot twists mirabolantes também estão presentes, afinal, o que seria da franquia sem eles?
As atuações também estão espetaculares. A entrega de Tom Cruise é invejável, o ator aparenta estar no auge da forma física aos 56 anos – o cara corre como ninguém. Henry Cavill foi uma excelente adição para a franquia, ele é um ótimo contraponto para Tom Cruise, por se mostrar mais bruto e pesado – o cara é um touro, quando ele tira o jaleco, você já sabe que alguém vai sair inconsciente, e o polêmico bigode que destruiu a regravação de Liga da Justiça lhe acrescenta muito em personalidade, gerando uma química interessante entre os dois quando estão atuando juntos. Simon Pegg segue sendo o alívio cômico, mas mostra momentos de ação não vistos anteriormente. A volta de Rebecca Ferguson é uma surpresa agradável, pois Ilsa Faust foi a personagem mais interessante do filme anterior e nesse ela segue igualmente excelente. Sean Harris novamente interpreta excelentemente seu vilão e se demonstra uma grande ameaça. Os demais personagens também são extremamente bem interpretados, mas possuem uma participação menor.
Nota: 5 de 5 (Excelente)
Se este realmente for o último longa desta franquia, não há como ela ter fechado de forma melhor. Ele une todos os elementos que marcaram os filmes anteriores, resolve questões que precisavam ser respondidas e entrega as melhores cenas de toda a série. Ethan Hunt se despede com uma última Missão Impossível marcante e inesquecível.
E se puderem, assistam na UCI IMAX, porque vale muito a pena!