Em meio a inúmeros thrillers despretensiosos, chega um que finalmente traz uma proposta que não só de entreter, mas também de trazer algo novo e acrescentar ao cinema do gênero.
Um Lugar Silencioso – A Quiet Place – de John Krasinski – o qual dirige, escreve e protagoniza, trazendo de volta o clássico papel de lumber-pai super protetor, barbudo e sujo, provavelmente uma auto-afirmação – insere-nos em um mundo pós-apocalíptico onde acompanhamos os Abbotts, uma família que sobrevive em silêncio por anos desde que o mundo foi atacado por criaturas cegas que são atraídas pelo som. O pai cria caminhos de areia para poderem circular em silêncio e os vizinhos toda noite acendem fogueiras para mostrar que ainda estão bem.
Tudo ia bem até que o filho mais novo pega um brinquedo que emite uma canção e é atacado. A vida da família fica mais tensa ao ser desconstruída, tanto pelo luto, quanto pela culpa, questionando se são realmente bons em proteger seus filhos, ainda mais com a chegada de um mais novo membro quando Evelyn – a maravilhosa Emily Blunt, premiada por A Filha de Gideon – está nos últimos dias de sua gravidez e tem de sobreviver sozinha a um ataque repentino enquanto seu marido e filhos sobrevivem do lado de fora da casa.
É interessante como o trabalho foi realizado, com dificuldades que exigem dos atores – mesmo sendo tão poucos atores. Um conhecimento de linguagens de sinais e especialmente linguagem corporal, pois toda tensão deve ser passada sem palavras, enquanto recompensadas por alguns momentos de alívio para poder falar com algumas soluções de roteiro como um riacho, uma cachoeira ou um subsolo com água vazando.
Apesar do incrível trabalho, o filme ainda peca em seu desfecho, o que era de esperar, pois o roteiro foi alcançando tamanha complexidade que não havia mais como imaginar sua conclusão de forma fácil – provavelmente o dedo do produtor Michael Bay – criador da franquia Transformers – tentando fazer uma falha deixa para sequência, mas que não estraga a experiência. Ainda espero que o filme sirva de lição para outros do gênero.