Novo filme com Danilo Gentili e Carlos Villagran é até melhor do que parecia.
Quando eu soube que Danilo Gentili estava, junto com Fabrício Bittar, produzindo um filme de comédia de escola eu realmente não dei nada, mas fiquei curioso pela participação de Carlos Villagran – e realmente, é a melhor coisa do filme. O filme em si, porém, não sustenta-se apenas nisto.
Baseado num livro publicado pelo próprio jornalista e humorista Danilo Gentili – Como Se Tornar O Pior Aluno da Escola era uma espécie de manual fictício reunindo todas as sacanagens que Gentili provocou ou que gostaria de ter provocado em seus tempos de escola. No filme, os estudantes Bernardo – Bruno Manhoz – e Pedro – Daniel Pimentel – que sofrem uma ditadura escolar do diretor Ademar – Carlos Villagran, o Kiko de A Turma do Chaves – encontram o que seria o caderno escrito pelo Pior Aluno – o personagem Danilo Gentili, que tal como outros personagens, não tem nome na trama – com o mesmo conteúdo do livro que inspirou a ideia para o filme, e então vão em busca de seu dono e sua vida de aventuras começa.
A ideia parece a mais clichê de todas – e na verdade até é, tem um filme com Owen Wilson chamado Drillbit Taylor, de Steven Brill, com a mesma ideia – nerds em busca de virar o jogo, mas não é a simples ideia do loser querendo ser o popular, longe disso – ao contrário de filmes recentes de youtubers aí. A intuição dos garotos é uma metáfora a luta pela liberdade de expressão, numa comparação clara a Ditadura Militar e a colégios que hoje em dia ainda exercem o mesmo tipo de disciplina opressora. O conceito de até onde a escola pode intervir na liberdade dos estudantes? E os personagens usam de métodos radicais para protestar contra os maus tratos, tudo isto numa espécie de humor bem clássica de filmes como Curtindo A Vida Adoidado, mas com pegadas também mais atuais como as de American Pie – é claro, clássicos de John Hughes não funcionariam tão bem hoje – e que acabam por parecer até filmes que misturam os dois tons de comédia escolar, como o recente A Mentira, de Will Gluck.
O filme reúne um elenco repleto de participações especiais – Joana Fomm, de Dancin’ Days e Césio 137, como a Professora de Matemática; o cantor e humorista Moacry Franco como o Faxineiro; Fábio Porchat, de Entre Abelhas e Porta dos Fundos, como o pedagogo Cristiano; Raul Gazolla, de A Hora Mágica e A Força do Querer como o Professor de Educação Física; e o cantor e apresentador Rogério Skylab como o Professor de História, mas a melhor escolha do filme, e que – como o diretor Fabrício Bittar comentou na coletiva, que você pode ver em breve no nosso canal – é o que vai levar ao cinema não só o público infanto-juvenil, mas os mais velhos também, o Carlos Villagran, repleto de referências ao clássico A Turma do Chaves e em especial a Escolinha do Professor Girafales. O filme também brinca com o choque de gerações como a de crianças de hoje em dia não conhecerem o Kiko – apesar do ator exercer o mesmo papel há 45 anos, como é bem lembrado numa piada do roteiro – e outros clássicos que também serviram de influência para o filme, como Karate Kid, segundo o diretor e também uma piada dentro do filme.
O longa tem uma fotografia que não lembra o de costume das comédias brasileiras, o que acaba sendo mais atrativo até – possivelmente graças ao céu cinzento de São Paulo que dá uma luminosidade diferente, mas melhor ainda é a grafia do filme, com intervenções visuais semelhantes as de rabiscos de um estudante, o que torna a sequência de créditos ainda mais atrativa – e com direito a cena pós-créditos com deixa para continuação. A trilha sonora homenageia os anos 80 – o que não é novidade hoje em dia, mas acaba ficando repetitiva mesmo dentro do filme, e sinto dizer que, a atuação das crianças é superior a dos adultos – o que era bem comum nas comédias infanto-juvenis dos anos 80, então fica clara a homenagem ao destacar as crianças e ignorar os adultos – inclusive, achei melhor eles serem mais protagonistas do que o próprio Gentili, afinal, não seria tão interessante um filme protagonizado pelo humorista.
Como Se Tornar O Pior Aluno da Escola estreia nos cinemas nesta quinta-feira dia 12 de setembro – dia das crianças. Lembrando que o filme não é para crianças – como o próprio Gentili comentou na coletiva, Restringiram a idade do filme, e era isso o que a gente queria, porque agora que os adolescentes vão querer ver mesmo.