Neste último mês, um dos assuntos mais falados relacionados a Séries e TV, segundo o Google Trends, foi Dragon Ball, por que estreou uma nova série chamada Dragon Ball Super que dá continuidade a saga desde onde Dragon Ball Z parou.
A série começa pouco depois de onde saga de Majin Boo terminou, e muito antes de Dragon Ball GT ter iniciado, e aí que muitos especulam se é que Dragon Ball Super desconsidera o Dragon Ball GT, pois existem personagens e transformações que são apresentadas e que não são se quer mencionados – ou mesmo nem existem – na continuidade de Dragon Ball GT. Mas por que Dragon Ball GT seria desconsiderado? Por quais motivos? É claro que Dragon Ball GT é um spin-off produzido por fãs, mesmo que tendo o aval do criador Akira Toryama, não tem participação deste na produção, logo que até mesmo o criador confessou que a série deixou muito a desejar. São motivos que vão desde decisões erradas como a falta de criatividade em recriar situações do clássico somente esperando agradar o público nostálgico. Uma barra de roteiro força a o herói Son Goku, protagonista da primeira série e não tão protagonista da segunda, a voltar a ser protagonista como na primeira série, transformando-o novamente em criança, sendo que este já era até avô na história, e pior ainda, juntando-o numa aventura com sua neta Pan, personagem mais mal desenvolvida.
Esta decisão quebra toda a construção que é feita desde o original, pois a ideia da saga Dragon Ball era ver uma família crescendo – e por acaso Dragon Ball Super retrata muito bem isto. Mesmo que o crescimento da família levasse o Goku a se tornar um senhor idoso com o tempo e acabasse por morrer de velhice, o que talvez nem fosse necessário, pois, como pudemos ver com o caso do Príncipe Vegeta, este nem envelheceu tanto, provavelmente graças a fisiologia sayajin – semelhante a fisiologia kriptoniana do Superman que também o impede de envelhecer tão rápido quanto um ser humano normal, graças ao poder de regeneração herdado pelo sol, mas que, diferente dos sayajins, seria o poder de regeneração da própria fisiologia deles, que lhes dá o dom de poder superar seu limite – e que foi a justificativa para a forma Super Sayajin 4, onde o pequeno Goku voltava a ser adulto, mais uma das ideias erradas de Dragon Ball GT.
Como já citado aqui, outro dos erros foi a Pan, personagem criada para ser uma protagonista feminina de relevância em lugar da sex-appeal Bulma, mas que acaba sendo mal desenvolvida por ficar na sombra de Goku e do carismático Trunks, além de terem dado-a a personalidade mais irritante e clichê possível, que, ao invés de herdar as características super interessantes que sua mãe lutadora Videl tinha, herdou as da avó, também lutadora, Princesa Chichi com uma possível mistura da Bulma mal feita. Somado a este erro de escolhas, os personagens que foram desenvolvidos em Dragon Ball Z – os poderosos Son Gohan e Goten, os quais tinham o maior potencial – vamos lembrar que em Dragon Ball Z o protagonista era na verdade o Gohan, o que vai muito sentido a sequência ter como protagonista o Goten, mas tal personagem foi totalmente esquecido. Trunks foi incluído no time dos protagonistas simplesmente por ser o filho do Vegeta, sendo que este nada herda a personalidade marcante do pai, e nem mesmo a personalidade do próprio personagem já apresentado antes, que era bem interessante – vamos lembrar quem é o Trunks, né? É aquele cara que conhecemos vindo de uma nada do futuro, sendo a segunda aparição de um Super Sayajin, com uma espada e partindo o vilão Freeza ao meio – é claro que este personagem deixou de existir desde que o futuro foi corrigido, mas nem a personalidade do Trunks GT condiz com a personalidade do jovem Trunks do final de Dragon Ball Z.
Os vilões também não eram nada interessantes, numa completa referência a Alien, eles criaram o parasita Baby – o que não é problema, já que a saga dos Androides era claramente inspirada em O Exterminador do Futuro. Porém o personagem era uma mistura de tudo o que já havia apresentado antes – em especial dos vilões Cell e Majin Boo, mas sem o carisma destes. E para piorar, inventaram de retornar os antigos vilões Freeza, Androide 17 e Cell só para agradar o público antigo, mas fazendo isto de forma errada – diferente do Dragon Ball Super que acertou na Ressurreição do Freeza. Além dos demônios das esferas do dragão, que pode até ter sido a parte mais interessante do Dragon Ball GT, mas também a mais esquecida, pois até ali já havia perdido na retenção de público. No entanto, Dragon Ball GT se passa cerca de 8 anos após os eventos finais de Dragon Ball Z. A Saga de Dragon Ball Z termina com a pequena Pan, filha de Gohan e Videl, já com seus 4 anos de idade – tal como o início de Dragon Ball Z que apresenta Gohan com seus 4 anos. Enquanto em Dragon Ball GT, a personagem já tem lá pelos seus 12 anos, porém, Dragon Ball Super começa imediatamente após a batalha contra o Majin Boo, ou seja, antes mesmo do nascimento da Pan. Gohan e Videl acabaram de se casar e Pan nasce algum tempo depois. E aí fica o questionamento se Dragon Ball Super apagará realmente Dragon Ball GT do cânone.
Segundo o criador, alguns dos longa-metragens e continuidades – tais como os eventos da árvore do poder e do Brolly – foram apagadas do cânone, mas nada se falou sobre Dragon Ball GT. O que ele disse é que o Dragon Ball Super é sim canônico, mas até então este não interferiu grandemente na continuidade – a não ser na história de que durante estes 10 anos entre um e outro nada aconteceu, sendo que em Dragon Ball Super já estamos vendo como sim, muita coisa aconteceu, tal como morte de personagens importantes, novos personagens importantes também sendo apresentados, e novas transformações que praticamente negam as transformações superiores – como o Super Sayajin 4 pode ser mais forte que o Super Sayajin Deus?
Enfim, parece que Toryama não quis se pronunciar sobre o posicionamento de Dragon Ball GT na linha temporal, sabemos apenas que, caso Dragon Ball Super venha a continuar por muito tempo a acrescentar novidades, pode ser sim que os eventos de Dragon Ball GT sejam descontinuados, e vamos falar uma verdade – ainda bem, né?