Selecionei 5 filmes importantes para a composição do cinema Brasileiro, vai aí a lista.
- O Beijo da Mulher-Aranha – 26 de julho de 1985
Dirigido pelo cineasta argentino naturalizado brasileiro Hector Babenco e adaptado por Leonard Schrader do romance homônimo de Manuel Puig
Elenco: William Hurt, Raúl Juliá, Sônia Braga, José Lewgoy, Milton Gonçalves, Miriam Pires, Nuno Leal Maia, Fernando Torres, Patricio Bisso, Herson Capri, Denise Dumont, Miguel Falabella, Ana Maria Braga, Antônio Petrin, Wilson Grey e Cláudio Curi.
O filme conta a história do prisioneiro político de esquerda Valentín Arregui (Raul Julia) e Luís Molina (William Hurt), um homossexual efeminado condenado por “corrupção de menor”. Os dois dividem uma cela numa prisão brasileira.
Molina relembra, na prisão, um de seus filmes favoritos, um suspense romântico de guerra que também é uma propaganda nazista. Ele tece os personagens do filme numa narrativa que traz conforto a Arregui para distraí-lo da dura realidade da prisão e da separação da mulher que ama.
Arregui permite que Molina penetre sua auto-defensiva intimidade e se abre para ele. Apesar de suas discussões sobre a política por trás do cinema, uma improvável amizade se desenvolve entre os dois prisioneiros: o sonhador e o ativista político.
À medida que a história se desenvolve, fica claro que Arregui está sendo envenenado pelos carcereiros para que revele o que sabe. Molina, ao que tudo indica, também pode ter segundas intenções, ou seja, seus sentimentos românticos por Arregui.
Manuel Puig foi quem primeiro adaptou sua própria obra, no formato de uma peça de teatro. A adaptação, entretanto, só veio após o lançamento do filme.
Após o sucesso do filme, um musical homônimo da Broadway foi produzido em 1993. A peça foi interpretada 904 vezes no Teatro Broadhurst a partir de 3 de maio daquele ano e recebeu três prêmios Tony nas categorias de melhor peça musical, melhor atriz em peça musical (Chita Rivera) melhor roteiro de peça musical e melhor trilha-sonora de peça musical.
- Vidas Secas – 22 de agosto de 1963
Dirigido por Nelson Pereira dos Santos para a Herbert Richers. O roteiro é baseado no livro homônimo de Graciliano Ramos. De acordo com os letreiros inicias, as filmagens foram em Minador do Negrão e Palmeira dos Índios, sertão de Alagoas.
Elenco: Átila Iório, Genivaldo Lima, Gilvan Lima, Orlando Macedo, Maria Ribeiro, Jofre Soares, Pedro Santos, Maria Rosa, José Leite, Antônio Soares, Clóvis Ramos, Gilvan Leite, Inácio Costa, Oscar Souza, Vanutério Maia, Arnaldo Chagas, Gileno Sampaio, Manoel Ordônio, Moacir Costa e Walter Mointeiro
Foi o único filme brasileiro a ser indicado pelo British Film Institute como uma das 360 obras fundamentais em uma cinemateca. Neste filme fica perceptível a influência marcante do neo-realismo italiano na obra do diretor Nelson Pereira dos Santos e o filme se tornou um dos mais conhecidos do movimento chamado de Cinema Novo, que abordava problemas sociais do Brasil.
Em 1941, pressionados pela seca, uma família de retirantes composta por Fabiano, Sinhá Vitória, o menino mais velho, o menino mais novo e a cachorra Baleia, atravessa o sertão em busca de meios para sobreviver. Seguindo um rio seco, eles chegam a um casebre abandonado nas terras do fazendeiro Miguel, quando em seguida há uma chuva. Com a recuperação dos pastos, o proprietário retorna com o gado, e a princípio os repele, mas Fabiano diz que é vaqueiro e que a família pode ajudar em vários serviços, então são aceitos. A família tem esperança de prosperar, Sinha Vitória sonha com uma cama com colchão de couro e Fabiano em ter seu próprio gado. Mas, ao final do primeiro ano de muito trabalho e dificuldades, perceberão que apesar de tudo, a miséria da família persiste e nova seca está para assolar novamente o sertão.
- Central do Brasil – 3 de abril de 1998
O roteiro é de Marcos Bernstein e João Emanuel Carneiro, baseado em história do diretor Walter Salles.
Elenco:Fernanda Montenegro, Vinícius de Oliveira, Marília Pêra, Sôia Lira, Othon Bastos, Otávio Augusto, Stella Freitas, Matheus Nachtergaele, Caio Junqueira e Zélia Bastos
O filme foi inspirado em Alice nas Cidades, de Wim Wenders.
Dora (Fernanda Montenegro) é uma mulher que trabalha na estação Central do Brasil escrevendo cartas para pessoas analfabetas; uma de suas clientes, Ana aparece com o filho Josué (Vinícius de Oliveira) pedindo que escrevesse uma carta para o seu marido dizendo que Josué quer visitá-lo um dia. Saindo da estação, Ana morre atropelada por um ônibus e Josué, de apenas 9 anos e sem ter para onde ir, se vê forçado a morar na estação. Com pena do garoto, Dora decide ajudá-lo e levá-lo até seu pai que mora no sertão nordestino. No meio desta viagem pelo Brasil eles encontram obstáculos e descobertas enquanto o filme revela como é a vida de pessoas que migram pelo país na tentativa de conseguir melhor qualidade de vida ou poder reaver seus parentes deixados para trás.
O filme recebeu, em geral, opiniões positivas dos críticos. Janet Maslin do jornal The New York Times escreveu que o filme é “Maravilhosamente desemprenhado pela atriz brasileira Fernanda Montenegro” e que “[Walter] Salles traz grande ternura e surpresa para os eventos que pontuam esta odisseia (…) e a Sra. Montenegro lembra Giulietta Masina em ambos mau humor e aparência” e conclui “Salles dirige de forma simples e vigilante, com um olhar que parece penetrar em todos os personagens.” Em sua revisão, o The Guardian destacou que “O mais surpreendente é que o filme foi feito por um documentarista brasileiro, a maior parte do elenco e da equipe nunca tinha trabalhado no cinema antes, e um dos destaques é um menino de nove anos de idade, que nunca tinha ido a um cinema (…) Ainda mais milagroso é que este épico intimista de redescoberta aparece depois de uma década em que o cinema brasileiro quase deixou de existir.”
- O Auto da Compadecida
Dirigido por Guel Arraes e com roteiro de Adriana Falcão e João Falcão, o filme é baseado na peça teatral “Auto da Compadecida” de 1955 de Ariano Suassuna, com elementos de O Santo e a Porca e Torturas de um Coração, ambas do mesmo autor, e influências do clássico de Giovanni Boccaccio Decameron.
Elenco: Matheus Nachtergaele, Selton Mello, Marco Nanini, Denise Fraga, Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Rogério Cardoso e Paulo Goulart
O enredo do filme se desenvolve com ambientação no Sertão Nordestino (especificamente no sertão da Paraíba, numa cidade próxima a Taperoá) em torno de dois personagens principais: João Grilo (Matheus Nachtergale), sertanejo mentiroso, e Chicó (Selton Mello), maior covarde da região. Ambos são muito pobres e sobrevivem de pequenos negócios e golpes, enquanto vagam pelo sertão. Em um desses golpes, eles se envolvem com Severino de Aracaju (Marco Nanini), temido cangaceiro, que os persegue pela região. Com mistura de drama e comédia, o filme também aborda aspectos culturais e religiosos do Nordeste do Brasil.
Os atores escolhidos pelo diretor agradaram Suassuna, que disse que Matheus Nachtergaele foi o melhor intérprete para João Grilo. Ele afirmou: “Sua atuação é impecável, pois consegue passar toda a esperteza do personagem, que luta contra o patriarcado rural, a burguesia urbana, a polícia, o cangaceiro, e até contra o diabo”. Elogiando as demais atuações, Suassuna disse que o melhor ator do filme foi Fernanda Montenegro, no papel de Nossa Senhora. “O rosto de Fernanda agora vai se juntar, na minha memória, ao de Socorro Raposo, a primeira atriz a interpretar o papel, no Recife, e que ainda hoje continua encenando, já somando oito anos ininterruptos”, disse.
Auto da Compadecida nasceu originalmente como peça teatral escrita por Ariano Suassuna em 1957. Em 1999, transformou-se em microssérie exibida pela Rede Globo, e continha tramas paralelas que acabaram por ser removidas no filme. Nessa época, o diretor Guel Arraes procurou Suassuna para que ele fizesse uma adaptação cinematográfica da peça, acrescentando cenas de outras de suas peças, O Santo e a Porca e Torturas de um Coração. O escritor disse: “Como são obras no mesmo estilo de O Auto, ou seja, com histórias populares, eu aceitei”. O diretor foi mais além e incluiu influências de Decameron, de Boccaccio, no filme.
- Deus e o Diabo na Terra do Sol – 10 de julho de 1964
Dirigido por Glauber Rocha
Elenco: Geraldo Del Rey, Yoná Magalhães, Othon Bastos, Maurício do Valle, Lídio Silva, Sônia dos Humildes, Roque Santos, João Gama, Antônio Pinto e Milton Rosa.
Foi considerado um marco do cinema novo, gravado em Monte Santo, Bahia.
O Sertanejo Manoel e sua mulher Rosa levam uma vida sofrida no interior do país, uma terra desolada e marcada pela seca. No entanto, Manoel tem um plano: usar o lucro obtido na partilha do gado com o coronel para comprar um pedaço de terra. Quando leva o gado para a cidade, alguns animais morrem no percurso. Chegado o momento da partilha, o coronel diz que não vai dar nada ao sertanejo, porque o gado que morreu era dele, ao passo que o que chegou vivo era seu. Manoel se irrita, mata o coronel e foge para casa. Ele e sua esposa resolvem ir embora, deixando tudo para trás.
Manoel decide juntar-se a um grupo religioso liderado por um santo (Sebastião) que lutava contra os grandes latifundiários e em busca do paraíso após a morte. Os latifundiários decidem contratar Antônio das Mortes para perseguir e matar o grupo.
Foi indicado à Plama de ouro no Festival de Cannes em 1964 (França)