Que Mel Gibson curte dirigir e atuar em filmes de guerra, todo mundo já sabe. Depois de nos deleitarmos com O Patriota, Coração Valente e Fomos Heróis, fui ver Até o último homem (Hacksaw Ridge no original) com altas expectativas e, ainda bem, não me decepcionei. O longa é brilhante até seus mínimos detalhes e vale muito a pena ser conferido na telona, já que o som é sensacional (o barulho das bombas é tão forte que chega a tremer as poltronas). A experiência será muito mais proveitosa no cinema, fato!
Mel Gibson ficou 10 anos longe da direção, mas, parece que queria voltar em alto estilo. O filme tem seis indicações ao Oscar. Para começar, compete como melhor filme. Está também nos páreos de ator (com Andrew Garfield), montagem, mixagem de som e edição de som. E, o mais bacana de tudo, Mel é um dos cinco indicados ao prêmio de direção. Somando todas as premiações dessa temporada, foram 36 vitórias e 79 indicações. É uma grande aposta na categoria de melhor filme do Oscar, já nas outras indicações, só esperando dia 26/02.
Andrew Garfield está indicado ao Oscar de melhor ator
Dito isso, posso falar mais precisamente do enredo, que é um exemplo de coragem e determinação. Nós nos simpatizamos logo de cara com Desmond Doss (interpretado por Andrew Garfield), um médico do exército que, durante a Segunda Guerra Mundial, se recusa a pegar em uma arma e matar pessoas por questões religiosas e filosóficas. Após sofrer muito bullying e quase ser preso por desobedecer aos seus superiores por não treinar com armas, ele é destinado à Batalha de Okinawa, trabalhando na ala médica, salvando vidas e provando o seu valor.
No elenco, dou destaque a Hugo Weaving (que faz o pai de Desmond, Tom Doss), Rachel Griffiths (que interpreta sua mãe, Bertha Doss) e Vince Vaughn (que dá vida ao Sargento Howell). Interpretações maravilhosas que transparecem bem os sentimentos de raiva, decepção e confiança. E, óbvio, Andrew Garfield consegue com louvor dar vida a um icônico personagem da vida real, que salva a vida de muitos homens na guerra, sendo altamente condecorado. Esse quarteto consegue arrancar algumas lágrimas da plateia no decorrer das 2h20 de projeção.
Desmond Doss encontra dificuldades ao tentar ir para a guerra sem pegar em uma arma
Gostaria de destacar também alguns detalhes, como o excesso de violência (nesse caso, muito bom, pois retrata com realidade como tudo ocorreu) e a trilha sonora bem dramática e pontual em certas cenas. Uma pena Rupert Gregson-Williams não ter sido indicado. Seu trabalho na série The Crown está sendo super elogiado e mal posso esperar pelo filme da Mulher Maravilha, que está em pós-produção.
As palavras centrais desse filme são fé e paz, mesmo você estando desarmado em uma batalha com centenas de homens e mil tiros, granadas, morteiros e lança-chamas ao seu redor. Mesmo com tanto desespero e carnificina, Desmond se mostra com foco, calma e esperança de que ele conseguirá salvar o máximo de pessoas possível, pedindo a Deus forças para ter êxito. E você fica torcendo por isso a cada homem que ele consegue resgatar.
Nota: 5/5