Filmes de superação são os melhores para mim. Por isso, Estrelas além do tempo, que estreou essa semana nos cinemas brasileiros, ganhou o meu coração. O drama está indicado (merecidamente) a 3 Oscars: melhor filme, melhor atriz coadjuvante (Octavia Spencer) e melhor roteiro adaptado (do livro homônimo de Margot Lee Shetterly).
A história se passa na década de 60, no auge da corrida espacial travada entre Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria. Katherine Johnson (Taraji P. Henson) é uma brilhante matemática afroamericana que trabalha na Nasa. Ao lado das colegas Dorothy Vaughn (vivida por Octavia Spencer) e Mary Jackson (interpretada por Janelle Monáe), ela foi peça fundamental numa das maiores operações da história dos Estados Unidos: o lançamento do astronauta John Glenn para a órbita da Terra e seu retorno em segurança. Juntas, conseguiram ultrapassar todos os limites de gênero, raça e profissionais, sendo muito bem-sucedidas nessa missão pioneira.
O trio tem ótima química. Octavia Spencer (à direita) está indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante.
Desde o começo do filme, você fica torcendo por elas. São personagens cativantes, profissionais sensacionais, maravilhosas esposas e mães, que tentam o tempo todo provar o quanto são boas em um mundo cheio de discriminação. Em seus caminhos, há pessoas que as incentivam, como o chefe da equipe de Katherine, Al Harrison (vivido por Kevin Costner), ou que as menosprezam, como os sebosos Vivian Michael (atuada por Kirsten Dunst) e Paul Stafford (papel de Jim Parsons).
O longa nos lembra em cada cena do quanto era difícil a rotina de uma mulher negra naquela época. Assentos nos ônibus, refeitórios, banheiros e bebedouros eram separados por cor. Qualquer lugar em que elas entravam, os brancos as olhavam como se fossem criminosas. O espectador sente o racismo e a discriminação em cada poro da pele. Em alguns momentos do filme, me senti extremamente incomodada e caía uma lágrima ou outra. Você mal pode esperar por um desfecho feliz e pelo momento em que elas, finalmente, comprovarão o seu valor.
E no meio de vários homens que a discriminavam, Katherine se destacava através de sua inteligência.
Mas, ao falar dessa forma, parece que o filme é pesado. Na verdade, ele consegue tratar o tema da maneira mais leve possível. Tanto que você nem sente as 2 horas e 7 minutos passarem. Outros pontos positivos do longa (além das ótimas atuações) são o figurino e a trilha sonora. Enfim, era um filme que Hollywood já deveria ter feito devido ao assunto ser extremamente importante de ser retratado e discutido, mesmo nos dias de hoje.
Vá ao cinema e você terá uma profunda lição de humanidade e respeito. Além disso, você enxergará a ciência também por um outro ângulo. Como já diria o personagem de Kevin Costner, “eu já tenho ótimos matemáticos aqui, preciso de alguém para enxergar a matemática além”. Eu saí do cinema orgulhosa delas, é uma sensação ótima. Experimente!
Nota: 5/5