As minhas noites de sexta para sábado não têm sido mais as mesmas desde setembro. O canal FX presenteou os fãs de possessão demoníaca com 10 ótimos episódios de The Exorcist, cujo season finale passou na noite de ontem nos EUA. E, obviamente, por mexer com assuntos ligados a alguns podres e segredos do Vaticano e seitas satanistas, a Igreja já se posicionou contra a série. Sem falar do polêmico episódio 5 (Through My Most Grievous Fault), que apresentou, em tempo real, um exorcismo.
Confesso que, de início, achei que estragariam o clássico filme de William Friedkin, de 1973, mas me enganei. Até porque os fãs já tinham se decepcionado com alguns remakes e continuações fracassadas que nem chegam perto do original. Mas a série tem ligação direta com o primeiro longa e foi muito bem conduzida com um roteiro inteligente que prendia a atenção do espectador deixando todo mundo tenso a ponto de sentir dificuldades de dormir depois de cada episódio.
As interpretações são um show. Geena Davis, que vive a matriarca Angela Rance, e Ben Daniels, que dá vida ao Padre Marcus Keane, lideram o magnífico elenco. Incluindo Hannah Kasulka, que faz a possuída Casey Rance, que se entregou ao papel. Alfonso Herrera, que interpreta o novato Padre Tomas Ortega, é o elo mais fraco e acaba sendo levado pelo resto do elenco, mas ele tem muito potencial.
Ao que parece, o clima das gravações era tão pesado que a própria Geena Davis, em entrevista ao Entertainment Weekly, revelou que a produção da série chamou um padre para abençoar o set. Filmes e séries de terror têm dessas coisas não é…
Vamos aos fatos. A série está centrada na família Rance, cujos membros são da paroquia do Padre Tomas. Começam a acontecer coisas estranhas e a mãe Angela acredita que exista algo na casa, uma presença demoníaca, se fortalecendo a cada dia. Desesperada, ela pede ajuda a Tomas. Por sua vez, o padre tem sonhos com o padre Marcus, sem ao menos conhecê-lo, de um exorcismo que ele fez no México. Ao perceber que uma das filhas de Angela precisa desse tipo de ajuda, ele procura por Marcus pois sabe que ele terá a chave para destruir este demônio.
Enquanto isso, começa a se desenrolar a história de uma seita satanista que está na mesma cidade. A seita é formada por pessoas ricas e influentes, aquelas que a socidade jamais imaginaria estar envolvida nesse tipo de situação. Autoridades e população local estão ansiosos com a visita do Papa à cidade. Só a ideia de que Pazuzu, o demônio que possui a jovem, a tal seita e o Papa estarão na mesma cidade em algum momento da história já é de arrepiar os cabelos.
Tenho somente uma reclamação. Acho que o Papa demora muito pra chegar na cidade. Cria-se todo um clima pra isso e quando ele chega, a coisa toda acontece tão rapidamente… De repente, poderia ter um episódio a mais pra explorar isso melhor, não sei.
Há de tudo na série: escândalos na mídia, sacrifício humano, ambiência opressora (dá quase pra sentir calores, odores, enfim, algumas cenas realmente incomodam o espectador), questionamento da fé, pecados e absolvições improváveis. Mas aí fica uma pergunta, já que a história acaba redondinha no episódio 10 (Three Rooms): vai ter continuação?
O showrunner Jeremy Slater, em uma entrevista à Variety, informou que a próxima temporada terá uma história diferente. “Essa primeira temporada tem começo, meio e fim, absolutamente. No entanto, é claro que estamos deixando pistas do que pode estar por vir na segunda temporada. Nossa série não será uma antologia completa, mas contará uma história por temporada. Os personagens que sobreviverem e ainda tiverem história para ser contada voltarão, mas a trama será outra. Os padres [Marcus e Tomas] provavelmente serão a espinha dorsal da série nesse sentido”, comentou.
Bom, o que nos resta agora é aguardar (ansiosamente, diga-se de passagem) pela próxima temporada e esperar que a dupla não se transforme em algo comum, como um Sam e Dean Winchester da vida. Afinal, The Exorcist pode até ter alguns defeitos, mas comum ela definitivamente não é.
Nota: 4/5