Sou fã de Star Wars desde que me entendo por gente e, embora só tenha visto os filmes e não conheço muito do universo expandido, acho que dá pra fazer uma crítica interessante de Rogue One: Uma história Star Wars, que estreou ontem no Brasil. Sempre curti o conceito meio oriental de jedi parecido com os samurais, os personagens carismáticos, as guerras e politicagens, o mau contra o bem, vingança, enfim, acho que o universo Star Wars tem tudo que agrada um bom fã de sci-fi.
Confesso que pelo fato de Rogue One não ser oficialmente um episódio da saga (se fosse, ele seria o episódio 3,5), estava temerosa da produção não estar à altura. Mas, esse está no mesmo patamar dos episódios IV, V, VI e VII, que todo mundo ama. Foi interessante ver o pessoal rindo e até aplaudindo no meio do filme durante a sessão, que é recheado de muita ação e fan service. Parece que o diretor Gareth Edwards acertou no tom em cheio.
Aliás, guerra é levada ao pé da letra nesse longa. A gente sempre imaginou o grande esforço da Aliança Rebelde na missão de descobrir qual era a nova arma secreta do Império Galáctico (a Estrela da Morte) e como fazer para destrui-la. Ao contrário dos stormtroopers (que têm fama de bobões), os deathtroopers mostram que são a verdadeira elite das tropas imperiais e tocam o terror no filme. Realmente, conseguir os planos da Estrela da Morte não foi nada fácil. Muitas vidas se perderam nesta guerra, mas tudo por uma causa maior.
Quem lidera os rebeldes no filme é Jyn Erso (vivida pela atriz Felicity Jones). Por sinal, muito bom ver que Kathleen Kennedy, que dirige a LucasFilms com inteligência e habilidade, está transformando Star Wars, colocando maravilhosas protagonistas mulheres, vide a Rey (Daisy Ridley) de Episódio VII: O despertar da força. O empoderamento feminino está cada vez mais presente na saga.
Ela conta com a ajuda do capitão rebelde Cassian Andor (Diego Luna) e do fantástico dróide K-2SO (Alan Tudyk). O robô do império, reprogramado pelos rebeldes, tem o charme e o bom humor de um C-3PO, mas ao mesmo tempo, um pouco ranzinza como Han Solo. A gente já sabe que dentro do universo de Star Wars sempre nos apaixonamos pelos dróides e, na verdade, K-2SO é a única leveza no meio de tanta maldade, sofrimento e morte.
Jyn é filha de Galen Erso (Mads Mikkelsen), o engenheiro que ajudou a projetar a tal arma secreta e isso ajuda na hora de se infiltrar no terreno inimigo. Embora ele não fique muito tempo em cena, é um dos personagens mais trabalhados do filme. Sou fã de Mads desde 007 – Cassino Royale passando por Hannibal e Doutor Estranho. Ele consegue trazer toda a dualidade necessária ao personagem.
Ainda no grupo de rebeldes que ajudam Jyn nesta missão, está Donnie Yen, astro chinês de filmes de artes marciais, que não é jedi (embora a Força para ele seja quase uma religião). Ele vive o monge guerreiro de Jedha, Chirrut Îmwe, garantindo cenas de coreografias incríveis. Baze Malbus (Jiang Wen) e Bodhi Rook (Riz Ahmed) completam o grupo e têm papeis muito importantes na hora de lutar contra o exército imperial e transmitir os planos para os rebeldes. Jiang aparece metralhando com tudo, estilo Boba Fett, enquanto Yen é um espadachim cego lutando contra vários stormtroopers ao mesmo tempo. É lindo de se ver. Não tem sabre de luz no filme, mas vocês podem ter certeza de que não sentirão falta.
A fotografia do filme é estonteante e o 3D é essencial e funcional. O diretor de fotografia Greg Fraser consegue planos dentro das naves muito parecidos com os do Episódio IV: Uma nova esperança e a sequência final em Scarif, com belas praias, é sensacional. Lembrando que esse belo visual pode ser conferido também em game. A Electronic Arts disponibilizou o DLC do Battlefront, inspirado no longa, desde 6 de dezembro. Rogue One: Scarif é o quarto e último pacote de expansão do título.
Uma das coisas mais bacanas do filme é a ambiência. Todo o design artístico se baseia nos filmes mais antigos, com o retorno dos anos setenta em termos de moda e arquitetura. Isso está presente nos pequenos detalhes, desde os pilotos que usam aqueles bigodinhos e costeletas até os aparatos tecnológicos originalmente idealizados por George Lucas.
Senti falta da música de John Williams. Lógico que o tema principal e algumas notas da marcha imperial estão presentes, mas Michael Giacchino não consegue manter uma trilha tão marcante durante as batalhas e os diálogos mais emocionantes.
Mas, não posso terminar essa crítica sem falar da “recriação” do ator Peter Cushing, que faleceu em 1994. A construção do personagem é toda feita por CGI e captura de movimentos, que o deixa assustadoramente idêntico ao ator. Mas, sua presença no filme é extremamente importante, pois Grand Moff Tarkin tem uma relação direta com o imperador e a Estrela da Morte. Como todos sabem, ele é um dos indivíduos mais poderosos, se tornando o primeiro Grande Moff que formulou a doutrina imperial.
Se você estava receoso, vai ao cinema. Sério. Você não vai se arrepender. Afinal, uma rebelião é construída na esperança, estamos unidos à Força e a Força está conosco.
Nota: 5/5