Existem dezenas de longas que exploram relações conturbadas entre mãe e filha e parece que esse longa em particular, Lady Bird, chamou a atenção da Academia. Tanto que está indicado a cinco categorias no Oscar 2018: Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original (Greta Gerwig), Melhor Atriz (Saoirse Ronan) e Melhor Atriz Coadjuvante (Laurie Metcalf). Embora seja um bom filme, acho um exagero ter sido tão aclamado assim.
Que adolescente não quis ir pra uma faculdade longe da sua cidade? Teve dúvidas sobre sexo? Teve curiosidade sobre cigarros ou bebidas? Quis experimentar coisas como matar aula, pregar peças ou simplesmente fazer uma aula de teatro? Tem tudo isso no filme. Eu até me identifiquei, juro. Eu estudei a vida inteira em colégio de freiras, eu fiz teatro, eu matei aula, blá blá blá… Mas, não achei nada verdadeiramente especial. Enalteço a indicação à melhor direção para uma mulher: Greta Gerwig. Afinal, ela é a quinta mulher indicada nessa categoria, um orgulho para o ramo.
Tem coisas boas? Sim, tem. As atuações de Saoirse Ronan e Laurie Metcalf são ótimas, elas possuem uma boa química. Eu mesma brigo com a minha mãe quase todo santo dia e é quente a coisa. Quase pareceu uma biografia minha, ou poderia ser de muita gente. Acho que é por isso que as pessoas se identificam tanto. Saoirse Ronan está em sua terceira indicação, anteriormente nos elogiados Desejo e Reparação (2007) e Brooklyn (2015). Laurie (conhecida como a mãe de Sheldon de The Big Bang Theory) atua de forma contundente em uma demonstração de tensão do amor materno.
Há também a participação de Timothée Chalamet, aclamado por Me Chame Pelo Seu Nome. Ele faz o papel de um dos seus interesses amorosos, Kyle, que é o verdadeiro retrato do cara popular que gosta de ser diferente dos outros. A própria Lady Bird gostava de ser chamada por esse apelido pelo mesmo motivo. Queria ser diferente, queria voar por novos ares. Ao longo do filme, percebemos a sua evolução, de adolescente idiota a uma pessoa com mais empatia pelos que estão à sua volta. Mas, convenhamos, todos nós fomos um pouco idiotas na adolescência. Faz parte.
A cidade de Sacramento é um personagem nessa jornada. Lady Bird a descreve de forma apaixonada em sua carta para universidade. Inicialmente ela diz que só “prestou atenção” ao seu redor, mas aos poucos percebe o quanto morar naquele lugar a ajudou a se tornar quem se tornou.
É uma comédia dramática, possui um roteiro bem equilibrado, diverte e tem diálogos com um ritmo enérgico, tornando essa passagem da adolescência para a juventude em algo vibrante. Mas, dizer que esse filme é a perfeição cinematográfica, a ponto de levar 100% no Rotten Tomatoes? Desculpa, gente, não consigo enxergar tanta coisa nesse filme para tanto. Acho que minhas expectativas é que estavam altas demais…